A adesão à greve dos funcionários das cantinas concessionadas impediu hoje, segunda-feira, a abertura do refeitório da escola sede do agrupamento de Marrazes. O balanco da paralização ainda está a ser apurado.
Na escola dos Marrazes, a greve não afetou o normal funcionamento das atividades letivas. José Violante, diretor do agrupamento, adianta que foi enviada na passada semana uma informação aos encarregados de educação, pelo que há alunos que vão comer a casa, enquanto outros trouxeram almoço de casa ou poderão recorrer ao bar.
Segundo António Baião, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro (STIHTRSC), vários trabalhadores de outras escolas terão “desistido” da paralisação devido a alegadas pressões por parte da entidade patronal.
António Baião refere que muitos funcionários receberam mensagens na passada semana informando-os que iriam ser aumentados – “proposta com a qual não concordamos porque 2% é insignificante” – e apelando ao seu “bom senso para não encerrar o refeitório”. E “isso mexeu com um conjunto de escolas”, acrescenta.
“Como as pessoas estão em situação precária e estão sempre dependentes de serem chamados de novo, é uma coragem enorme fazer greve neste sector em que os trabalhadores são precários e não têm vínculo efetivo a estas empresas”. adianta ainda o responsável sindical. “Mesmo trabalhando há 10 ou 15 anos nos refeitórios escolares, todos os anos fazem um contrato novo” e “esta ameaça de poder não ser chamado pesa muito na altura de decidir fazer a greve”, conclui.
Até ao momento, o sindicato contabilizou cerca de 50 refeitórios encerrados nos seis distritos da região Centro e, “em muitos outros, alguns trabalhadores em greve, mas sem o efeito de encerramento”.
O sindicato acrescenta em comunicado que, na quinta e sexta-feira da passada semana, “as empresas efetuaram comunicação por sms, informando [os trabalhadores] do aumento de salários no final do mês e indicando que dariam o dia de sexta-feira como tolerância de ponto (como se o não tivessem já que fazer), utilizando assim todos os meios para dissuadi-los da adesão à greve”.
Já nos hospitais do distrito, nomeadamente Centro Hospitalar de Leiria, incluindo unidades de Leiria, Alcobaça e Pombal, e Hospital de Caldas da Rainha (do Centro Hospitalar do Oeste), a adesão à paralisação ronda os 20 a 25%, avançou o mesmo responsável ao REGIÃO DE LEIRIA.
Os trabalhadores das cantinas e refeitórios de escolas, hospitais, fábricas e outros serviços, concessionados às empresas Eurest, Gertal, Itau, Uniself e Ica, entre outras, reclamam o aumento dos salários, que “em muitas categorias estão congelados há sete anos”, referiu o sindicato em comunicado. Na mesma nota, sublinha que “a grande maioria apenas recebe o salário mínimo nacional” e contesta a retirada de direitos do Contrato Colectivo de Trabalho.
Com esta paralisação, os trabalhadores pretendem demonstrar “o seu repúdio pela situação precária em que ao longo de anos se encontram a trabalhar, exigindo assim ao Ministério da Educação a tomada de medidas que ponham fim a este flagelo”, e “aos patrões querem reafirmar o seu descontentamento pelos salários baixos e o desrespeito pelos seus direitos”, refere a estrutura sindical.
Martine Rainho
martine.rainho@regiaodeleiria.pt