É homem, empresário, de 52 anos de idade e concorre por um dos maiores partidos portugueses (PS ou PSD). Este é o perfil médio do candidato à presidência das câmaras da nossa região. Este retrato é alcançado com a análise do perfil de todos os 83 candidatos à presidência dos 17 municípios que compõem a nossa região (composta pelos concelhos do distrito de Leiria e pelo concelho de Ourém).
Contudo, a análise enfrenta um problema – que aliás é comum nas médias aritméticas – nem sempre a média tem correspondência na realidade. Neste caso, na região não existe nenhum candidato que encaixe exatamente no perfil médio. E o que mais se aproxima, Paulo Fonseca, atual presidente da Câmara de Ourém e o nome apontado pelo PS para continuar no cargo, arrisca não chegar às urnas, pois a sua candidatura está ainda pendente de decisão dos tribunais (ver notícia na página 16). Com 54 de idade, tem experiência na área empresarial e a profissão base de bancário (ou seja, reúne duas das mais frequentes profissões do painel de candidatos) e concorre por um dos principais partidos do país. E, claro, é do sexo masculino.
Aliás, nas últimas eleições autárquicas, em 2013, nenhuma mulher foi eleita para a presidência de qualquer município da região, ainda que algumas tenham tentado. E a pouco mais de um mês das eleições autárquicas, apenas a câmara de Alvaiázere é liderada por uma autarca. Trata-se de Célia Marques, arquiteta de 38 anos de idade, que assumiu a presidência em abril de 2015, depois da renúncia do presidente eleito, Paulo Tito Morgado e é agora candidata ao lugar pelo PSD.
Sendo certo que a decisão dos eleitores é soberana, nota para o concelho da Marinha Grande que, do ponto de vista da pura probabilidade, é aquele que apresenta a maior possibilidade de vir a ser governado, (neste caso, pela primeira vez) por uma mulher. É que os partidos que têm alternado na presidência (PS e CDU) apostam em lideranças femininas: Cidália Ferreira e Alexandra Dengucho, respetivamente. Soma-se ainda o facto de também o BE apresentar uma mulher como candidata (Ilda Coelho). Este é, aliás, o único concelho com três cabeças de lista no feminino. Seguem-se com duas candidatas a presidente: Alvaiázere (Célia Marques do PSD e Tânia Gabriel da CDU), Alcobaça (Cláudia Vicente do PS e a independente Lúcia Duarte) e ainda Leiria (Anabela Batista da CDU e Daniela Sousa do PAN).
Um olhar para a ocupação profissional dos candidatos revela uma supremacia dos empresários (onze), ainda que seja relevante notar que o REGIÃO DE LEIRIA levou em conta a atividade profissional que é habitualmente atribuída, muito embora alguns candidatos tenham outras atividades no seu currículo, tornando quase impossível condensar uma carreira numa só categoria.
Não obstante, para além dos empresários, o ensino é a segunda atividade profissional mais frequente (com uma dezena de candidatos que são ou foram professores), seguindo-se os advogados (nove), os economistas (sete), os bancários (cinco) e os gestores (quatro). Mas o leque é, claro, mais alargado, incluindo cenógrafos, engenheiros, artesãos e agricultores, por exemplo.
Mas caso o enfoque se centre apenas nas candidatas, nota-se que nenhuma apresenta a profissão dominante. Ou seja, embora os empresários candidatos a presidente pudessem constituir uma equipa de futebol, seria uma equipa exclusivamente masculina. Não há, pois, empresárias candidatas à presidência. Entre elas, dominam as advogadas (são cinco).
Aliás, o município de Leiria parece ter especial atratividade para os juristas. Afinal, dos sete candidatos a presidente, quatro são advogados, dois dos quais, mulheres.
carlos.s.almeida@regiaodeleiria.pt