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Cantinho dos Bichos

Associações da região vivem dias dramáticos para ajudar patudos

Com um elevado número de animais ao seu cuidado, associações acumulam dívidas. Situação pode colocar em risco continuidade da atividade de proteção animal.

Foi um verão atípico. Praticamente todos os dias apareceu mais um animal abandonado, atropelado ou a necessitar de cuidados médico-veterinários. As associações de proteção animal da região responderam sempre que conseguiram e foram chamadas. Vivem agora dias de aflição com falta de ração, voluntários e famílias de acolhimento temporário (FAT), animais em excesso e dívidas gigantescas. A continuidade destas associações pode mesmo estar em causa, admitem.

“Nunca em dez anos de trabalho com animais tivemos um verão como este”. O desabafo é de Bárbara Silva, da associação Desprotegidos, em Leiria. “Contrariando as expectativas, dado que a nossa lei protege mais os animais e penaliza quem os abandona, este verão apareceram casos de animais abandonados, cachorros no caixote do lixo e até animais atados a árvores”, esclarece.

Com 16 animais no abrigo da associação, e as boxes cheias, a Desprotegidos conta ainda com outros 30 patudos distribuídos em FAT. “Há falta de donos tanto para cães como para gatos. Talvez mais para cães, uma vez que exigem uma maior disponibilidade por parte de quem adota, seja ao nível de espaço, tempo ou dinheiro”, diz.

A preocupação em salvaguardar o bem estar dos bichos, deixou a associação sem tempo para organizar eventos, atividades que sustentam a associação. Atualmente, as dívidas chegam aos três mil euros em despesas veterinárias, a que acrescem 400 euros mensais para outras necessidades.

Também a Associação Protetora de Animais da Marinha Grande (APAMG), que desenvolve atividade há 13 anos na região, (sobre)vive com dificuldades. Com animais a precisar, diariamente, de tratamento urgente, a conta veterinária está acima dos oito mil euros. “Sérias dificuldades que atualmente estão a colocar em risco a continuidade da nossa missão”, realça uma das voluntárias da APAMG, que se tem desdobrado em contatos e iniciativas, junto de privados e empresas, para assegurar que os animais continuam a receber ajuda.

A situação financeira da Casa Esperanza, da Marinha Grande, é um pouco melhor. “Não temos dívidas mas também não temos mais dinheiro para poder ajudar mais animais”, afirma a voluntária Daniela Lourenço. Este ano, a associação recebeu “o dobro dos pedidos” de ajuda. “À medida que a Casa Esperanza foi ficando mais conhecida, os pedidos foram aumentando. Também os abandonos aumentaram muito mais”, explica.

Com 60 animais em FAT, a associação procura com urgência um espaço para abrigar os patudos. “As pessoas querem adotar animais com menos de 6 meses e os animais que temos a nosso cargo são todos adultos”, refere.

As necessidades das três associações são comuns: animais para adotar, voluntários, padrinhos e FAT, ração para animais e, se possível, donativos monetários. As ofertas podem sem entregues nas associações ou combinadas através de mensagem via Facebook.

“Com o aumento dos pedidos de ajuda, as contas do veterinário aumentam e só podemos ajudar enquanto houver disponibilidade”, salienta Daniela Lourenço.

Marina Guerra
Jornalista
marina.guerra@regiaodeleiria.pt


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