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Mapril Baptista, “rei” das ambulâncias

Mapril Baptista saiu do Bombarral para França com seis anos. Aos 10 já ganhava dinheiro e passados oito, como motorista de ambulâncias, começou a construir um grupo empresarial que hoje é responsável por uma quota de 56% do mercado francês.

redacao@regiaodeleiria.pt

Mapril Baptista saiu do Bombarral para França com seis anos. Aos 10 já ganhava dinheiro e passados oito, como motorista de ambulâncias, começou a construir um grupo empresarial que hoje é responsável por uma quota de 56% do mercado francês. É um exemplo como empresário e promotor de ações de responsabilidade social, como aconteceu com as vítimas dos fogos.

Nasceu em Casal Novo, no Bombarral. Chegou a França com seis anos e aos 12 anos já trabalhava?
O meu pai era agricultor e a minha mãe doméstica. Fomos para França e tive o privilégio, ao contrário de muitos emigrantes, de ir com passaporte e papéis. A ideia era ganhar dinheiro e eu comecei cedo. Aos 10 anos ia para os mercados vender livros e, como falava francês, pouco depois e durante dois anos, encarreguei-me de ajudar emigrantes portugueses a legalizarem-se. Preenchia-lhes os papéis para tratarem da Carte de Séjour e davam-me dinheiro. Também ajudei muitos a tirar os passaportes no consulado português e ganhei dinheiro.

Nunca viveu nos bairros de lata?
O meu pai é que viveu num bairro de lata. Eu fui diretamente para uma casa, até melhor do que a que tínhamos em Portugal, do patrão do meu pai, onde vivemos uns cinco anos. E daí fomos para o bairro de Montefermeil, nos arredores de Paris.

E começou a trabalhar?
Comecei a vender fruta num mercado, simpatizei com uns polícias e quis ser polícia. Não foi possível porque não tinha nacionalidade francesa e a ideia também não agradava ao meu pai. Pela mesma razão não pude ser bombeiro. Acabei por ser motorista de ambulâncias – entendia que me dava liberdade e responsabilidade, porque ajudava pessoas em dificuldade.

Quando conduziu a primeira ambulância como profissional?
Foi em 1974. Tinha 18 anos. Andei na escola até aos 16 anos. Antes trabalhei numa empresa a montar telefones e noutra firma como chefe de equipa de pedreiros.

Como é que de motorista passa a deter 17 empresas de ambulâncias?
Eu tinha uma mentalidade diferente. Era empreendedor. O meu objetivo, como dos emigrantes em geral, era ganhar dinheiro e apercebi-me rapidamente que como empregado nunca teria a vida que ambicionava.

Por isso, em pouco tempo, fez uma proposta ao seu patrão?
Ao fim de seis meses, quando já era socorrista, pedi aumento de ordenado. Mas o patrão disse-me que não tinha condições, eu compreendi, mas disse-lhe que se me deixasse orientar a firma poderia em breve duplicar-me o ordenado. Ele riu-se, mas ao fim de um mês pediu-me para lhe explicar a minha ideia. Tinha 18 anos e meio e em pouco tempo tripliquei o movimento. De tal maneira que fiquei a geri-la durante um ano e depois fui-me embora.

Foi então que abriu a firma Maprilanne?
Sim. Em 1978 conclui que não conseguia crescer a partir de uma única empresa. E pensei em constituir firmas de molde a cobrir diferentes regiões. E foi assim que cheguei às 17. A maior parte foi adquirida. Na altura tinha 22 anos.

E quando decidiu começar a fabricar as ambulâncias?
No início da década de 80 percebi que sempre que precisava de comprar uma ambulância tinha de esperar um ano. E também noteique não possuíam condições para os doentes. Por isso, decidi fabricar as ambulâncias com o maior conforto possível. Hoje quase todas as que circulam na Europa seguem as minhas regras de construção. Fui eu quem modificou os transportes de doentes em França e também em Portugal. No início da década de 90, uma empresa do Porto começou a fabricar ambulâncias para a minha frota, segundo o meu conceito e desenho, pensados para responder às necessidades dos doentes. Em 1999 perante o interesse dos meus concorrentes nas minhas viaturas comecei a vender e fundei a Les Dauphins [em 2000].

Em 2004 abriu a Capsud [que adapta as viaturas para ambulância] em Aveiro.
A procura e o facto do fornecedor ter falhado uma encomenda para dar prioridade à construção de 50 carros para a polícia portuguesa, por causa do Euro 2004, levou-me à criação da Capsud, em Aveiro porque na altura já era uma cidade com bom acessos à fronteira. Hoje, vendo em França, Bélgica, África e fabrico também em Espanha. Em Portugal vendi uma ou duas, a preço de custo. Não quero concorrer no mercado português.

Como carateriza a sua empresa nesta altura?
O nosso grupo emprega 150 pessoas, a maioria em Portugal (100). A empresa tem crescido anualmente entre 18 e 30% e há a possibilidade de manter estes resultados nos próximos anos devido às intenções de encomenda. Temos 90% do mercado na região de Paris e 56% a nível nacional em França. Estamos a entregar 120 ambulâncias por mês em França e no total temos 18 mil a circular. O importante para mim, no futuro, é manter a qualidade e respeitar os clientes, não é ter um grupo muito maior.

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