Alunos fazem festas aos animais, na entrada da escola, todas as manhãs Foto: Joaquim Dâmaso
Começam a dar sinal assim que ouvem o carro de Jorge Bajouco aproximar-se do estabelecimento de ensino. Conhecem-no desde pequenos. Foi o diretor do Agrupamento de Escolas Henrique Sommer, em Maceira, concelho de Leiria, o responsável pela adoção de Pantufa e Pancho, há dois anos, quando ainda cachorros, os foi buscar ao horto municipal de Leiria.
Estes cães não são os primeiros animais que o estabelecimento de ensino acolhe – também há peixes, piriquitos, rosicolores e cabeça de cenoura – mas são os que mais sensação provocam. Irmãos, os dois animais adoram um bom desafio, ou seja, uma corrida pelo recinto escolar, além das festas e das guloseimas que comem.
Estão soltos, por norma, só ao fim de semana, quando o vigilante José Ramos vai à escola para os alimentar, limpar o canil e também brincar um pouco com eles. Também nessa altura, Pantufa e Pancho começam a ladrar assim que sentem o funcionário aproximar-se do recinto.
Os cuidados com os cães são ainda realizados pela auxiliar Fernanda Sousa e, numa primeira fase, pelos alunos Miguel António (8ºD) e Daniel Alves (7ºC) que se ofereceram para o fazer.
A presença dos cães na escola tem outra finalidade. Os animais são tema obrigatório nas aulas de Ciências Naturais e a lição parece bem estudada. Os alunos sabem que não devem alimentar os animais, precisam de cuidados veterinários e bem-estar. “Eles têm direitos”, diz uma aluna do 6º C.
Eugénia Gomes, subdiretora e professora de Ciências Naturais, acrescenta que, apesar de alguns alunos terem animais em casa, o trabalho no terreno ajuda a desenvolver o relacionamento em sociedade e o contacto com os animais. “Falámos também da criminalização dos maus tratos aos animais e os alunos são um veículo importante para sensibilizar a sociedade para a defesa dos animais. Esse também é o nosso trabalho na escola”, refere.
Rafeiros, bem dispostos e enérgicos, os dois cães têm pelo curto castanho, um mais claro que outro. Os alunos distinguem-nos ainda pelas patas. O Pantufa tem as patas brancas e “é mais ciumento”, dizem.
Os cuidados de saúde não são esquecidos e os animais estão vacinados. A tarefa foi da responsabilidade de Daniela Matias, antiga aluna do agrupamento, formada em medicina veterinária, que deu uma aula aos estudantes.
Notícia publicada na edição de 16 de novembro de 2017
Marina Guerra
Jornalista
marina.guerra@regiaodeleiria.pt