A Câmara de Leiria ainda não encontrou um terreno para instalar um novo canil municipal que seja aceite pela vizinhança.
O projeto, contemplado no Orçamento do Município, está dependente desse local para avançar, admitiu na sexta-feira, dia 15, Raul Castro, presidente da autarquia, na reunião da Assembleia Municipal (AML) quando confrontado sobre a demora na execução do futuro Centro de Recolha Oficial Animal (CROA).
A questão foi levantada, no período reservado ao público, pela munícipe Célia Loureiro que aproveitou para apelar à esterilização em massa de animais abandonados. A munícipe considerou “urgente esterilizar o maior número possível de animais”, tendo em conta o elevado número de cães e gatos deixados ao abandono e a falta de capacidade de resposta das associações e dos seus voluntários que “estão exaustos”.
Frisando tratar-se de “um problema de saúde pública”, Célia Loureiro defendeu ainda a necessidade de “criar condições no canil municipal para que os animais possam ser esterilizados a preços acessíveis”. “Só a esterilização em massa”, realizada diariamente pelo veterinário da Câmara “pode fazer face ao problema”, sustentou, convidando Leiria “a pensar em grande e não continuar a depositar as suas obrigações nas mãos das associações”.
Além de fazer eco destas preocupações, Cristina Coelho, deputada eleita pelo PAN – Pessoas-Animais-Natureza, lembrou ainda ter passado mais de um ano desde que a Câmara suspendeu o abate de animais no canil antecipando a entrada em vigor da nova lei e do anúncio de um projeto para um novo centro de recolha. Segundo as Grandes Opções do Plano do Município de Leiria, foi atribuído à construção do CROA um montante de 190 mil euros, a distribuir entre 2018 (150 mil euros) e 2019 (40 mil), prazo que Cristina Coelho considera excessivo para a obra em causa.
Questionou ainda Raul castro sobre a necessidade de protocolos com clínicas privadas para a esterilização de animais quando dispõe de um veterinário municipal.
Rebatendo as acusações e “críticas com alguma demagogia”, Raul Castro lamentou que a culpa do problema seja atribuída à Câmara e não a quem abandona os animais nas matas, estimando que nos próximos três anos se registem mais de mil cães e gatos abandonados pelo concelho.
Segundo o autarca, o CROA de Leiria está atualmente sobrelotado com cerca de 40 canídeos distribuídos por 11 celas. Sublinha, por outro lado, que todos os animais recolhidos “foram esterilizados, vacinados e chipados” e que a celebração de protocolos com clínicas privadas deveu-se “à necessidade de dar resposta ao número elevado de animais depositados à porta do canil”.
A construção do canil depende contudo de uma localização que não suscite contestação, referiu ainda o edil, certo contudo de que o canil “não vai resolver o problema” que se adensa, nomeadamente porque a adoção tem sido “residual” e apesar de várias campanhas de sensibilização.
Martine Rainho
Jornalista
martine.rainho@regiaodeleiria.pt