O encerramento da extensão de saúde “sem justificação” surpreendeu os utentes que aderiram hoje ao protesto
Cerca de 200 pessoas estão concentradas esta manhã junto à extensão de saúde dos Parceiros, no concelho de Leiria, para reclamar o direito a um médico de família.
O protesto, convocado pelo movimento “Só queremos um Médico de família – Parceiros”, visa chamar a atenção para um problema que se arrasta há cerca de dois anos e meio, devido às sucessivas baixas médicas de uma das clínicas afetas àquele polo sem que tenha sido acautelada a sua substituição a tempo inteiro.
Este impasse tem deixado cerca de 2.000 utentes sem médico de família que se veem obrigados a recorrer à Consulta Aberta do Centro de Saúde Dr. Arnaldo Sampaio. No entanto, a alternativa não tem respondido às necessidades.
“A Consulta Aberta é um serviço que deve ser utilizado em caso de urgência, não para substituir o médico de família. A figura do médico de família será para acompanhar os doentes ao longo do tempo e é isso que nós reclamamos: um médico a tempo inteiro de segunda a sexta-feira para assegurar as consultas”, referiu esta manhã Cristiana Pereira, porta-voz do movimento, que disse ter ainda ficado surpreendida com o encerramento da unidade esta semana sem qualquer justificação.
Uma mensagem na porta adianta apenas que os cuidados de enfermagem estão a ser prestados na extensão de saúde de Azoia, desde ontem, quarta-feira, e até amanhã, sexta-feira.
“Foi uma surpresa muito desagradável” encontrar a unidade fechada, admitiu Cristiana Pereira, referindo não saber “se é porque estavam à esperado do protesto ou se é por férias, porque já não é a primeira vez que o centro de saúde fecha por férias da administrativa”.
António Pereira tirou uns dias de férias para descansar, mas levantou-se cedo para participar no protesto, onde fez questão de usar uma máscara e um cartaz, “uma forma silenciosa de demonstrar o meu descontentamento” e reivindicar “o direito à saúde”.
“Sendo Leiria considerado um concelho tão desenvolvido onde se pode ter qualidade de vida e não há quase desemprego, não sei como é que há falta de médicos. Isto para mim é um contrassenso”, afirmou, referindo já ter esperado umas três horas para ser atendido no Centro de Saúde de Marrazes para conseguir uma baixa médica após ter sofrido um acidente.
“Qualquer pessoa que tenha um problema de saúde consegue ir ao médico particular a pagar mas não consegue atestado porque não tem médico de família”, sublinhou, acrescentando não ter havido resposta até à data às inúmeras reclamações dos utentes, que já se traduziram num abaixo-assinado.
Queixas não faltam entre os utentes. Fernando Moreira foi operado há cerca de um mês e trouxe uma carta do hospital para entregar ao médico de família. “Ainda está no arquivo morto”, disse ao REGIÃO DE LEIRIA.
“Tivemos uma médica a substituir a médica que está de baixa mas só atendia casos urgentes”, explicou. Filomena Videira confirma. “Fui operada às varizes em junho e fiz várias infeções. Vim ao centro de saúde mas a médica nunca me quis ver. Fui aos Marrazes mas não me deram solução nenhuma. Ando no privado , tenho que andar a pagar porque não tenho quem me resolva o problema”, conta, admitindo que fez mal em não ter reclamado formalmente de imediato.
Martine Rainho
Jornalista
martine.rainho@regiaodeleiria.pt
Anónimo disse:
3.5