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Cães de assistência esperam por apoios do Estado

Só existem três associações a nível nacional a treinar cães para cegos ou assistência mas apenas uma recebe apoios do Estado. CDS-PP fez recomendação, em março, ao governo mas nada se alterou

Dizer que são a cara-metade, por vezes, é pouco. Em boa parte dos casos, estes animais são praticamente tudo o que os donos – cegos, surdos ou com deficiência – têm como auxiliar da sua mobilidade, em autonomia e segurança. Contudo, em Portugal das três associações principais que treinam e entregam cães de assistência (CA), só uma recebe comparticipação do Estado e entrega gratuitamente os animais aos seus donos. As restantes dependem dos donativos e patrocínios angariados para poderem formar cães de assistência.

O assunto foi discutido, em março último, na Assembleia da República, com um Projeto de Resolução (n.º 752/XIII/2.ª), apresentado pelo CDS-PP, para atribuição de apoio financeiro à Associação Portuguesa de Cães de Assistência e à Ânimas, equivalente ao entregue à Associação Beira Aguieira de Apoio ao Deficiente Visual (aproximadamente 65% dos custos totais no treino do cão). Contudo, depois de discutido, o tema apenas integrou um conjunto de recomendações ao Governo no âmbito do apoio às pessoas com deficiência.

Simão Marques, treinador de cães, acredita que, em breve, a legislação será alterada e os apoios passem a ser entregues a todas as associações que treinam cães de assistência. “Em Leiria há algumas situações de pessoas que precisam dos CA e o principal problema é que não têm possibilidade financeira para o adquirir. A lista de espera para receber um cão de forma gratuita é enorme, há centenas de casos em todo o país”, explica.

Responsável pelo treino do primeiro cão de assistência certificado treinado em Leiria – a cadela Candy, em março de 2016 – Simão Marques realça que a atribuição dos apoios “permitirá também um maior controlo das atividades destas associações” e da sua taxa de sucesso. “O treino é longo, tem custos relacionados com alimentação, veterinário, a própria aquisição do animal,…, sem comparticipação, as associações têm dificuldade em ajudar quem precisa”, explica.
Para o treinador, o “caminho ainda é longo”, embora já se trabalhe “cada vez mais nas terapias e nas intervenções com animais” e “apesar de existir pouca divulgação, as pessoas já não estranham tanto ver um cão a acompanhar alguém que não é cego”.

MG

(Artigo publicado na edição de 4 de janeiro de 2018)


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