Faltam poucas horas para o apito inicial. Caldas SC entra em campo às 18 horas, naquele que já é considerado um jogo histórico. Pela segunda vez na história do clube, a equipa está nos quartos de final da Taça de Portugal e a passagem para as meias finais está à distância de uma vitória.
O adversário é o Farense, equipa que também milita no Campeonato de Portugal, mas que é formada inteiramente por atletas profissionais. Realidade bem diferente da que se vive no clube caldense.
Certo é que por estes dias têm-se vivido momentos de glória na cidade de Bordalo Pinheiro.
A data da partida não é do agrado de todos: presidente, técnico, jogadores e adeptos colocam reticências à decisão da Federação Portuguesa de Futebol em fazer a eliminatória a meio da semana mas adiantam que vão a jogo com as armas que podem.
Meter férias para jogar
Alguns jogadores meteram férias, outros trocaram folgas, alguns ainda não sabem como vão resolver o conflito laboral mas dizem que não vão faltar. As escolas estão convidadas para ir ao jogo e a cidade está a mobilizar-se para comparecer em peso no Campo da Mata. Apenas os jogadores do clube – 470 na formação – têm entrada gratuita.
O técnico e ex-jogador do Caldas, José Vala, não espera um adversário fácil, ainda que jogue no mesmo escalão, mas assegura que “não há impossíveis” para esta equipa de guerreiros. Veja-se a ginástica de trocas e cedências de férias para ir a jogo.
Garantido, para já, é que o nome dos atletas fica marcado na história do clube e o sonho de chegar ao Jamor está à distância de três jogos. “Já entramos na história do Caldas. No futebol não há impossíveis, vamos acreditar e desfrutar cada momento”, afirma o capitão Rui Almeida
É dos jogadores mais velhos do plantel e um dos principais rostos do Caldas SC. Representa os pelicanos há tantos anos que já lhe perdeu a conta. É também o homem dos sete ofícios. Jogador, capitão de equipa, diretor técnico do clube e coordenador da formação, aos 32 anos, Rui Almeida dedica-se ao Caldas SC sete dias por semana e concilia as “várias profissões” com a de docente. “É uma ginástica exigente no dia a dia que vejo reconhecida com acontecimentos com o que aconteceu frente à Académica”, na última eliminatória da Taça de Portugal, diz.
Jogar com afinco
Já Luís Paulo está no Caldas SC há seis temporadas. Foi para a baliza, ainda jovem, por acaso. Tinha ido ver um jogo do Benfica com o pai e veio de lá com a uma camisola de Preud’homme. Quando perguntaram quem queria ir para a baliza, aceitou o desafio e não mais saiu.
“Benfiquista não doente”, o guarda-redes do Caldas SC tem sido uma das figuras em destaque no percurso da Taça de Portugal.
Na 4ª eliminatória, com o Arouca, defendeu dois penáltis. E nos oitavos de final, com o Caldas em inferioridade numérica, boicotou boa parte dos ataques da Briosa. “Os dois jogos foram complicados. No Arouca fui mais falado porque defendi dois penáltis mas fui mais decisivo com a Académica”, considera.
Reconhece que o favoritismo da eliminatória pende para o Farense, “um adversário com muita qualidade”, mas será “mais um jogo de futebol”. “Queremos passar, nos 90, nos 120 minutos ou nos penáltis. Temos noção daquilo que podemos fazer. Certo é que vamos ficar na historia do clube e isso ninguém pode apagar. A nossa luta é o Campeonato de Portugal mas vamos trabalhar com o mesmo afinco com que temos atuado na Taça”, assegura.
O jogo tem início às 18 horas, no Campo da Mata, em Caldas da Rainha, e é a única partida dos quartos de final da Taça que não tem transmissão televisiva.
Marina Guerra
Jornalista
marina.guerra@regiaodeleiria.pt
Anónimo disse:
4.5