Pedro Marques, aqui fotografado debaixo de uma varanda na Cruz da Areia, lança sexta-feira, dia 13 de abril, o primeiro livro, onde reúne contos escritos há meia dúzia de anos
Manuel Leiria
Jornalista
manuel.leiria@regiaodeleiria.pt
Que livro é “Pelo prazer”?
É um conjunto de 30 textos eróticos, pornográficos e outros, com teor mais pesado. São sobre fantasias minhas, sentimentos, desejos de amor, desejo carnal. Vontades, amor, esperança, loucura. Com uma dose de inspiração do António Cova, do Luxúria Canibal, do Viv Thomas, e onde me permiti ir mais além na escrita do que tinha lido e visto até então.
Como assim, mais além?
Bocages e Luizes Pachecos são poucos ou nenhuns – ou como o Cova – parece que há receio de se aventurar por estes caminhos. Parece que o erotismo causa urticária e pornografia é uma blasfémia. Há pouca liberdade de pensamento e de aventura na sexualidade/erotismo/pornografia. Julgo que a minha escrita é uma escrita libertina.
O que significa este lançamento?
Significa o concretizar de um desejo e de um trabalho que me deu imenso prazer fazer. Já não tinha esperança que estes textos vissem a luz do dia. Foi com bastante surpresa que vi o interesse da Lisa [Teles, da editora Escaravelho] e quando vi o livro fiquei contente por ver algo meu finalmente pronto. E que todas as pessoas com mente aberta possam ler o que escrevi.
O que espera do filme “The scriptor”?
Que faça com que leiam os textos de forma mais positiva, que me façam escrever de novo e que seja uma forma de mudar mentalidades. Todas as pessoas têm direito a ser safadas e a ter vontade de se aventurar pelo erotismo, pela sexualidade e pela pornografia.
Que aceitação terá o livro? É indicado para quem?
Não espero nada, este mundo é uma caixinha de surpresas, estou mal habituado com o meio de Leiria a que pertenço: dessa malta a aceitação é total. Não sei como será noutros lados fora de Leiria e fora de Portugal, pois o livro está traduzido para inglês. Mas com o filme levado como tragicómico tudo pode acontecer. Espero coisas boas. É um livro para quem aceite erotismo, pornografia, e textos que vão mais além de Mão Morta e dos Assacinicos, de António Cova.
Como vai ser a festa de apresentação do livro?
Que seja uma boa noite para a seguir à apresentação pegarem na pessoa que gostam, irem ler uns contos do meu livro e passarem umas boas horas a fazer umas coisas safadas, como diz o Pedro Miguel [no filme “The Scriptor”]. Que seja uma noite de riso, de excitação, que o livro seja bem aceite pelo público, que ninguém saia horrorizado nem escandalizado. Será uma bela noite.
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O lançamento de “Pelo prazer” é sexta-feira à noite, dia 13 de abril, no Espaço “O Nariz”, em Leiria. O livro tem a chancela da editora Escaravelho e junta uma série de contos de Pedro Marques, “inspirados na própria experiência de vida, tendo em conta que não viveu na primeira pessoa nenhuma das situações relatadas no mesmo”, sublinha António Cova, na nota de divulgação do lançamento. Pedro Marques mantém há anos um blogue de entrevistas a atrizes e realizadores de filmes pornográficos e a investigadores na área da sexualidade, “Vamos falar de sexualidade”. António Cova, com quem Pedro Marques colabora regularmente enquanto ator, realizou, para o lançamento de “Pelo prazer”, um filme biográfico sobre o autor. A sessão de apresentação será ainda uma palestra sobre a vida e obra de Pedro Marques, com participação do artista plástico Nuno Gaivoto, do cantor lírico António Alves e do retratista Ricardo Graça. Serão declamados excertos do livro, por João Branco, Mariana Telles, Carla Carniça, Pedro Oliveira e Maria O’Neill.