Há laços que não se quebram e a aventura de Benny, ao longo de quatro meses, é exemplo disso mesmo.
Habituado a dividir casa com mais dois gatos, duas cadelas e um pássaro, o felino de pelo branco e focinho amarelo tinha como passatempo ausentar-se de casa para dar passeios e explorar a zona onde vivia, em Trutas, Marinha Grande.
Começou por ser uma tarde, depois um dia inteiro, vários dias, até que, em julho passado, desapareceu por completo. Os donos andaram durante várias semanas à sua procura, a chamar por ele, na esperança que se tivesse desorientado, conta a dona Diana Francisco. Um dia, o irmão chegou a casa a dizer que tinha encontrado um gato branco atropelado junto à estrada e, a partir daí, a busca diminuiu, quase terminou.
Na semana passada, a esperança de reencontrar Benny reacendeu. A mãe de Diana parou a olhar para uma partilha de Facebook que uma amiga tinha feito. “Este lindo gatão está há algum tempo a vaguear aqui na rua e agora habituou-se a vir comer junto dos meus gatos. É um doce e gostamos muito dele, contudo temos de pensar que poderá ser de alguém que ande à procura, por isso, antes de o pormos para adoção apelo que partilhem este post para ver se alguém se acusa”.
“Pelas fotografias partilhadas, estava mais gordinho, mas parecia o nosso Benny”, diz Diana Francisco. Por insistência da mãe, Diana entrou em contacto com a pessoa que divulgara o anúncio e no próprio dia a família foi ver o gato à Ortigosa, Leiria.
“Desde que viu a fotografia, a minha mãe sentiu uma ligação e, assim que o gato a viu, deixou que ela lhe fizesse festinhas. Segundo explicou a senhora que o tinha, ele nunca tinha permitido que isso acontecesse, nestes meses todos”, explica. E se ainda havia dúvidas de que o gato era o Benny, entretanto batizado de Ukra, a confirmação chegou com o teste do fiambre. “Ele sempre gostou de fiambre e tinha o hábito de comer lá em casa. Quando lhe demos uma fatia de fiambre, atacou-a e comeu-a de uma forma doida”, lembra.
Como é que o gato saiu das Trutas e apareceu em Ortigosa, ninguém sabe. A família calcula que poderá ter sido levado, por engano, num carro. “É um caminho grande para o gato ter feito sozinho, são mais de 10 km”, diz.
Quatro meses depois do seu desaparecimento, Benny voltou a casa e passa agora os dias a derreter-se com os mimos de toda a família e a cair na tentação do fiambre. Quanto a saídas, estão condicionadas. “Ele quer sair mas agora somos nós que não o deixamos”, estabelece a dona do gato.
A devolução do animal ficou registada em fotografia e a família adotiva admite que vai ter “saudades” do Ukra, ou melhor, do Benny.
Marina Guerra
Jornalista
marina.guerra@regiaodeleiria.pt
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