Natália Galício, Pedro Ferreira e Mariana Lopes inquiriram alunos do 11º ano da Secundária Francisco Rodrigues Lobo
Os alunos do ensino secundário dormem em média apenas seis a sete horas por noite, quando as recomendações apontam para um mínimo de oito a dez horas por noite.
“Os alunos estão a dormir menos duas horas do que há dois séculos e isso tem um impacto gravíssimo na concentração, na capacidade de raciocínio, no desempenho escolar” e saúde do indivíduo, conclui Mariana Lopes, que com Natália Galício e Pedro Ferreira, todos alunos do 12º ano da Secundária Francisco Rodrigues Lobo, desenvolveu o estudo “Importância da qualidade do sono no desempenho escolar e a sua influência no sistema imunitário” no âmbito da cadeira de Biologia.
Segundo Mariana Lopes, os resultados a que chegaram “são assustadores”. E embora seja difícil comprovar a relação entre a qualidade do sono e a capacidade de raciocínio e sucesso escolar, Natália Galício frisa ter sido possível verificar que, ao nível da imunidade, a falta de sono “afeta traços físicos e psicológicos”.
Da análise ao inquérito efetuado a 220 alunos do 11º ano da Rodrigues Lobo (123 raparigas e 97 rapazes com idade entre 16 e 18 anos), foi possível registar que a “acne e dores de garganta são os sintomas físicos que mais destacam e associam à falta de sono”.
“Sabemos que a acne, infeções na garganta e constipações são causadas por microorganismos que estão sempre em contacto connosco mas o facto de acontecer com maior frequência quando dormem menos indica que poderá ser isso que está a causar este tipo de infeções”, acrescenta.
Segundo Mariana Lopes, estas infeções são consideradas “oportunas” porque “atacam mais quando o sistema está mais debilitado” e “quando dormimos pouco o sistema imunitário fica mais debilitado”.
Os autores do estudo, desenvolvido ao longo do primeiro período letivo, consideram urgente a mudança de hábitos entre os jovens. Adotar um horário para ir dormir, de forma regular, afastar os dispositivos eletrónicos duas horas antes do deitar – “porque emitem muita luz azul que suprime a libertação da melatonina, uma hormona que regula o nosso ciclo de sono”, e evitar os estimulantes como o café e os refrigerantes podem ajudar a melhorar a qualidade do sono.
O inquérito contou com o apoio de Teresa Paiva, neurologista, especialista em medicina do sono e responsável pelo CENC – Centro de Electroencefalografia e Neurofisiologia Clínica, da psicóloga Emília Kumar e das professoras Ana Gameiro e Isabel Vieira.
O estudo indica entre outras conclusões que cerca de 60% dos alunos (130) dormem apenas seis a sete horas por noite e que apenas seis (2,8%) dormem mais de nove horas. Embora a grande maioria(199) considere a qualidade do seu sono como razoável, boa ou muito boa, a maioria (55,5%) admite demorar mais de 15 minutos a adormecer.
Quem dorme menos admite sentir necessidade de dormir uma sesta ou pouco entusiasmo para tarefas ou hobbies. Mas não só. Entre os alunos que dormem menos de 8 a 9 horas por noite, 42,9% refere registar maior quantidade de acne, 34,1% dores de garganta, 30,2% náuseas, 11,1% aparecimento de aftas, 11,1% prisão de ventre, 7,1% diarreia, 4% inflamação das gengivas e 4% vómitos.
(Notícia publicada na edição de 10 de janeiro de 2018 do REGIÃO DE LEIRIA)
Martine Rainho
Jornalista
martine.rainho@regiaodeleiria.pt
Cerca de 60% (130) dos alunos inquiridos dormem entre 6 a 7 horas, e 34,4% (75) entre 8 e 9 horas. Um número residual de alunos dorme 5 horas ou menos (3,2% que correspondem a 7 alunos) e apenas seis (2,8%) dormem mais de 9 horas”, refere o estudo