Os números divergem no que toca à adesão à greve dos trabalhadores da Rodoviária do Tejo, do Oeste e do Lis. Enquanto o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) estima que a adesão rondou esta quinta-feira cerca de 90%, a administração do grupo Barraqueiro situa a adesão em 34,6 % entre o total dos trabalhadores ao serviço.
Durante a manhã, cerca de uma centena de funcionários protestou junto à sede do Grupo Barraqueiro, em Lisboa, para exigir o aumento do salário e a unificação das regras de trabalho nas empresas do grupo.
“Apresentámos, em tempo oportuno, uma proposta de aumento de salários à empresa, tendo em conta os valores que são praticados por esta. A empresa entendeu que não deveria negociar connosco, tem vindo a arrastar este processo, tem vindo a canalizar para a associação patronal a resolução deste problema sem apresentar propostas e os trabalhadores entendem que não podem parar. Estamos a falar de salários que rondam os 609 euros de um salário base de motorista e isto é inqualificável”, disse Manuel Castelão, do STRUP, à Lusa.
O sindicalista salientou que um motorista gasta entre 3.000 e 4.000 euros para obter licenças e ter os requisitos para trabalhar, trabalham “12 horas para ganharem oito e alguns têm um subsídio de refeição que ronda os 2,55 euros”.
Presente na concentração, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, frisou que esta situação se mantém devido “à intransigência da empresa”.
“É uma situação insustentável. Estamos a falar de profissionais do volante que têm não só de zelar pela sua própria segurança como, acima de tudo, assegurar a segurança das pessoas que transportam. Uma profissão desta natureza, com a desregulação dos horários que lhe está associada, justifica e exige um outro tipo de retribuição que estes trabalhadores não têm”, defendeu o dirigente citado pela Lusa.
Em comunicado, a administração do grupo refere contudo estarem “atualmente em curso negociações entre a associação que representa os transportadores rodoviários de pesados de passageiros (ANTROP) e as estruturas sindicais”. Negociações que visam, entre outros, chegar a acordo “sobre a atualização salarial a aplicar no mês de março, conforme estipulado no contrato coletivo em vigor”.
A administração refere que a última proposta foi apresentada pela ANTROP no passado dia 26 de dezembro, estando agendada uma nova reunião negocial para o dia 25 de janeiro (“tempo necessário para a consulta aos trabalhadores por parte das estruturas sindicais”). Acrescenta que “as condições remuneratórias aplicadas pelas empresas são as que decorrem do contrato coletivo, sendo possível a todos os trabalhadores não abrangidos pelo mesmo, solicitar a sua adesão com efeitos imediatos”.
“Para os trabalhadores que não pretendam aderir ao Contrato Coletivo Antrop, a empresa garante uma atualização salarial a efetivar-se no momento habitual (julho), com aplicação de uma taxa de aumento superior à inflação e superior à atualização tarifária aplicada no setor dos transportes públicos rodoviários de passageiros”, adianta ainda no mesmo comunicado.