Mosteiro do Leitão: Um novo monumento para gastronomia

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Após 10 dias de portas fechadas, o restaurante icónico da Batalha volta a operar, desta vez do outro lado da rua e com serviços e estrutura completamente repaginados.

Após 10 dias de portas fechadas, o restaurante icónico da Batalha volta a operar, desta vez do outro lado da rua e com serviços e estrutura completamente repaginados

A mudança começou com uma crise, mas esta sexta-feira, dia de abertura da nova morada, Zita Freire Figueiredo garante que ainda bem que os ventos sopraram por aí. Com uma ordem de despejo em mãos e o tempo a correr contra a desocupação do antigo Mosteiro do Leitão, a sócia-proprietária do restaurante que, em breve alcança os dez anos, fez do limão uma limonada para muitos. Coloque então de lado a memória de uma ementa apenas focada no bom leitão, vindo diretamente do Alentejo e assado de perto por Bruno Figueiredo. Numa megaestrutura que soma 710 lugares, a escolha foi crescer para alcançar todas as frentes.

“Novos caminhos na gastronomia, mas também nos vinhos”, comenta a gestora sobre a decisão que culminou não só com a aposta de juntar duas novas operações de comida ao restaurante principal, mas também com a apresentação da primeira carta de vinhos em braille do país. Inclusão que vai ao encontro de uma lista dinâmica e complexa, gradualmente. Mérito alcançado por Raul Riba D’Ave, um entendedor do assunto há quase 20 anos. “Nós temos uma gastronomia extraordinária, mas também uma tradição de carta de vinhos básica”, comenta sobre os moldes que costumam conduzir o consumo português. No novo Mosteiro do Leitão, a oferta passeia por tipos, e não regiões, e vai dos clássicos aos “fora da caixa”, incluindo orgânicos, minerais e de topo.

E já que a imposição de mudança devia servir para um bem maior, como não ouvir os pedidos da clientela que chegava a consumir 700 refeições num único domingo? Peixe pediam, peixe irão ter, e pela mão de quem entende. Após comandar por 27 anos uma casa focada nas proteínas do mar, José Reis foi a figura escolhida para tratar da carga obrigatoriamente fresca, vinda da Nazaré. No intitulado Mundo do Peixe, ele põe em prova o seu maior know-how: o trato no carvão.

Mas a informalidade também é sinal dos tempos e o espaço passa a contar ainda com uma área para tapas, hambúrgueres e porções de partilha. No novo Claustro, para comandar o leme, os proprietários escalaram Rodrigo Caldeira e a experiência vinda do trabalho com Kiko Martins, no Poke, e no grupo Sea Me, em Lisboa. A operação é a única com funcionamento independente da cozinha principal e deve acompanhar a novidade do bar de verão, a ser inaugurado no jardim exterior com o aumento das temperaturas.

A cereja no topo do bolo, por sua vez, chega, literalmente, pelas mãos de Cecília Cardoso. A pasteleira de França que cresceu em Portugal volta a fazer parte do cenário de sobremesas local com uma ementa mais sofisticada e única aos três restaurantes. Cerca de 10 receitas ganham posto fixo das quais já são destaque a mousse de chocolate com caramelo salgado e frutos secos – um recheio que fez sucesso na antiga loja que comandou em Leiria – e o macaron de chocolate recheado com geleia de Ginja. “É a minha raiz”, lembra sobre a inclinação natural pela confeitaria clássica.

Com esta última contratação, Zita acredita terem chegado ao equilíbrio perfeito, visto que a secção doce era um obstáculo reconhecido. “E o nosso ponto fraco passa a ser o nosso ponto forte”, conclui sobre esta nova fase.