Ricardo Vicente, engenheiro agrónomo e membro especialista do Observatório do Pinhal do Rei, apresentou hoje a demissão daquele órgão, criticando a falta de coordenação e a ausência de vontade política para assegurar o seu funcionamento. “Há meio ano que não reunimos e já estamos em período de risco de incêndio”, alerta.
A demissão foi hoje apresentada, por escrito, à responsável pela coordenação do Observatório do Pinhal do Rei, Cidália Ferreira, presidente da Câmara da Marinha Grande. Na carta de demissão, a que o REGIÃO DE LEIRIA teve acesso, o engenheiro agrónomo critica que o Observatório não reúna desde dezembro do ano passado, ainda que o despacho que o criou aponte para a realização de reuniões mensais.
Este especialista, que entretanto partilhou nas redes sociais a mensagem de demissão, lembra que o Observatório elaborou um parecer “muito relevante sobre o Relatório da Comissão Científica” que, todavia, não foi tornado público.
Ricardo Vicente lembra que propôs nova reunião do Observatório em abril, sem sucesso. Pretendia discutir o facto de não ter sido dado qualquer feedback sobre o parecer. Mas não só: “manifestei ainda a minha indignação pelo não cumprimento da decisão tomada por unanimidade em reunião do Observatório, para envio do nosso parecer a todos aos executivos das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais das áreas abrangidas pelas Matas Litorais ardidas”, aponta.
Até hoje, acrescenta Ricardo Vicente dirigindo-se a Cidália Ferreira, “apesar da solicitação dos deputados da Assembleia Municipal do seu próprio concelho, a Marinha Grande, o Parecer nunca lhes foi enviado”.
Entre outros motivos para apresentar a demissão, este especialista critica que só após o BE ter questionado o Governo, é que o INCF divulgou o parecer. Apesar de se ter demitido do Observatório, o engenheiro agrónomo assegura: “continuarei a lutar pela reconstrução integral da maior e mais prestigiada Mata Nacional do País e estou disponível para participar em todas as iniciativas que que contribuam para este objetivo”.
O Observatório do Pinhal do Rei foi criado na sequência de um despacho governamental, em abril do ano passado, e tem por missão “interpretar, acompanhar e monitorizar o Plano de Recuperação do Pinhal do Rei”. Recorde-se que em outubro de 2017, quase 90 por cento do Pinhal de Leiria, também conhecido como Pinhal do Rei, foi consumido pelas chamas.
O REGIÃO DE LEIRIA já solicitou um comentário sobre esta demissão a Cidália Ferreira, aguardando resposta.
Carlos S. Almeida
Jornalista
carlos.almeida@regiaodeleiria.pt