Visitas encenadas à Casa-Museu, contos para crianças, passeios poéticos, concertos palpitantes, insufláveis tentadores, feira de artesanato e misteriosas antiguidades – e tudo isto nas ruas, jardins e espaços de São Pedro de Moel. É assim o Festival Afonso Lopes Vieira, que se afirma, ano após ano, como uma privilegiada forma de saborear a carismática praia da região.
A próxima edição começa já amanhã, dia 23 de agosto, e até domingo, dia 25, oferece mais de duas dezenas de atividades, todas com entrada livre e pensadas, sobretudo, para as famílias.
Uma das principais novidades este ano é o incremento do número de visitas encenadas à Casa-Museu. Em 2018 elas ficaram na memória, surpreendendo os participantes com o “anfitrião” Afonso Lopes Vieira (representado pelo ator Miguel Linares) a fazer as honras.
“Foi um sucesso muito grande. Só nas visitas encenadas tivemos 300 pessoas em três dias, que se calhar foi o que passou pela Casa-Museu nos últimos dez anos!”, conta ao REGIÃO DE LEIRIA João Caetano, da Protur, associação que organiza o festival.
Outra atração especial é a encenação de “Autozinho da Barca do Inferno”, adaptação do “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente, que Afonso Lopes Vieira (1878-1946) criou para teatro de marionetas em 1911. Pela primeira vez será apresentada em público, a fechar o festival que convida à fruição cultural a partir da vida e obra do poeta.
Recuperando o espírito de outros festivais realizados naquela praia do concelho da Marinha Grande na década de 70 do século XX, então com o apoio da Fundação Gulbenkian, o Festival Afonso Lopes Vieira procura dinamizar a estância balnear e projetar o legado do poeta, um eterno apaixonado por São Pedro de Moel.
Em 2018 o festival deu “um salto muito significativo”, diz João Caetano, tanto na qualidade da programação como na afluência de público. “Recebemos pessoas da Marinha Grande, claro, mas também de Leiria, Batalha e pessoas que estavam cá de férias, de Lisboa, do Porto e estrangeiros, gente de todo o lado”, recorda Miguel Linares, que é igualmente responsável pela programação.
Essa linha de crescimento é para “melhorar cada vez mais”, sublinha João Caetano. Para isso, a Protur programou três dias com intensa atividade. A ambição é reunir apoios e ganhar dimensão nacional.
“Temos feito das ‘tripas coração’ para conseguir algumas coisas que têm aqui acontecido e continuamos nesse caminho”, realça Miguel Linares, que anseia levar até ao festival de São Pedro de Moel “outras personalidades do mundo das artes, da pitnura, da poesia, da escultura, grandes nomes que venham participar e partilhar as suas obras”.
Em 2019, o Festival Afonso Lopes Vieira oferece todos os dias as tais visitas encenadas à Casa-Museu e ainda sessões de histórias, leituras de poesia e caça ao poema em espaços como jardins, praças, bares e até na praia. Nas ruas há poemas de Afonso Lopes Vieira que se podem levar para casa.
Um passeio poético até ao farol, teatro “A bela e o monstro” do Teatresco e o lançamento do livro “Caracol Vicente vai à praia”, de Ana Cristina Luz, são outras propostas.
Numa organização muito ligada à palavra dita e lida, há também lugar à música: ao final das tardes e durante as noites há concertos de Carol, Marciano e Daniel Catarino Trio (sexta-feira), Rapaz Improvisado com Joel Madeira, Churky e Homem em Catarse (sábado) e André Barros e Tiago Ferreira (domingo).
Uma estreia na “jóia”
A antiga casa de Afonso Lopes Vieira é uma das “jóias” de São Pedro de Moel e também do festival que homenageia o poeta que se apaixonou por esta praia do concelho da Marinha Grande. Virada para o mar, inspirou o poeta e continua, hoje, a alimentar sonhos. “Quem entra na casa dele percebe que Afonso Lopes Vieira é uma fonte inesgotável de inspiração. Percebe-se a grandeza deste homem”, sublinha Miguel Linares, que faz de Afonso Lopes Vieira nas visitas encenadas que acontecem este fim de semana. A antiga habitação é hoje casa-museu e está aberta para visitas (mais informações aqui). Durante o festival acolhe várias propostas, com destaque para o “Autozinho da Barca do Inferno”. A peça para teatro de fantoches encerra domingo à noite a edição de 2019 e resulta do trabalho dos atores Miguel Linares e Carolina Santarino, desenvolvido com a investigadora Cristina Nobre. Escrita em 1911 para Amélia Rey Colaço e suas irmãs apresentarem, em privado, às filhas do arquiteto Raul Lino, nunca foi apresentada publicamente. Depois do Festival Afonso Lopes Vieira, a intenção é levá-la às escolas da pré-primária e primeiro ciclo, a começar pelas da Marinha Grande, e depois da região. Será, mais de cem anos depois de ter sido criada, uma forma de promoção da obra de Lopes Vieira e da poesia e da literatura em geral, “para ter, no futuro, gente interessada pela cultura”, frisa Miguel Linares.