Este é um tempo de férias, mas para muitos é também ainda tempo de trabalho. E isso levanta a questão do trabalho ao fim de semana, do pouco tempo para a família, para o lazer, dos shoppings abertos e por outro lado das greves que defendem melhores condições de trabalho. Que olhar lhe merece a situação atual?
Relativamente à situação do trabalho tenho uma sensibilidade muito grande, por várias razões: os meus pais foram toda a vida trabalhadores, a segunda é que eu próprio, durante as férias – quando estudava, até ao 12º ano – ia trabalhar para as fábricas de Caxarias, aqui da terra, para serrações de madeira e outras que havia. Em Portugal, infelizmente, o trabalho não é valorizado. Não é só o trabalho, há muitas outras realidades fundamentais que não são devidamente valorizadas, devidamente estimadas, estou a pensar na própria realidade da segurança, na própria realidade do que é a defesa e o trabalho também não está a ser devidamente valorizado. É um escândalo que grande parte dos portugueses tenha de sobreviver mais ou menos, mais coisa menos coisa, com o ordenado mínimo nacional. Isto é um escândalo. Isto é um retrocesso civilizacional. Não tenho palavras para definir isso. Como é que se obriga um jovem que tem perspetivas de vida, de realização pessoal, de realização profissional, como é que se obriga esse jovem a ser subjugado e oprimido com horários laborativos que são verdadeiramente desumanos?
Rui Valério: “Vejo trabalhadores que não têm um salário justo, recebem uma esmolazinha”
Este artigo tem mais de 5 anosPoliticamente incorreto, contundente na defesa da vida e dos direitos dos trabalhadores, intransigente no retorno à ética e à moral, o bispo das Forças Armadas e da Segurança esteve à conversa com o REGIÃO DE LEIRIA na sua terra natal, Urqueira.