Mais de 400 manifestantes de várias gerações exigiram esta manhã, em Leiria, medidas concretas em defesa do planeta e de um futuro mais sustentável, no âmbito da Greve Climática Global que mobilizou em todo o mundo milhões de pessoas.
A adesão parecia tímida às 9 horas junto ao estádio de Leiria, mas a chegada inesperada de cerca de 250 alunos e professores do Colégio Nossa Senhora de Fátima deu outro vigor ao protesto que atravessou a cidade e fez parar o trânsito, rumo aos Paços do Concelho.
A estes alunos e estudantes de várias escolas de Leiria e Marinha Grande, juntaram-se moradores da Bajouca, entre muitos outros cidadãos, e ativistas de vários movimentos de defesa do ambiente, entre os quais o Movimento do Centro contra a Exploração de Gás e o grupo de Leiria da Amnistia Internacional.
Munidos de cartazes e palavras de ordem, jovens e adultos juntaram-se numa só voz para alertar para os efeitos das alterações climáticas, para o perigo da explorações de hidrocarbonetos, nomeadamente na região, para a necessidade de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, para a urgência da transição energética, de uma rede de transportes públicos eficaz e menos poluente e de medidas de proteção da floresta e agricultura, entre outras.
Pouco depois de chegarem ao largo da República, Gonçalo Lopes, presidente da Câmara, saiu do edifício para falar com os manifestantes, garantindo a preocupação do Município quanto aos problemas ambientais e seu empenho na defesa dos interesses das populações e no desenvolvimento de estratégias com impacto efetivo.
Confrontado com vários apelos, nomeadamente com vista à rejeição de qualquer tipo de exploração de hidrocarbonetos na região e a um maior compromisso no combate à poluição, Gonçalo Lopes pediu a confiança dos moradores da Bajouca, garantindo que a posição da Câmara “nunca irá ser contra os interesses da população”. Lembrou que o executivo já tomou uma posição unânime contra o recurso ao fracking (fratura hidráulica) e pediu “mais paciência para que, na altura certa e com os argumentos necessários e suficientes, possa se pronunciar”.
Quanto às críticas pelo facto de a Câmara ter “ignorado a Semana e o Dia Europeu sem Carros” e ter promovido “ao invés, uma semana de celebração do automóvel sem uma palavra para a mobilidade sustentável”, Gonçalo Lopes respondeu ter sido alterada este ano a data do Leiria sobre Rodas, que já soma seis edições, “por respeito” e por considerar que “no dia 22 de setembro deve ser celebrado o dia da mobilidade sustentável”. E esclareceu que serão plantadas árvores como “compensação por aquilo que foi o prejuízo ambiental”, que reconhece existir.
Gonçalo Lopes anunciou ainda a intenção de a Câmara implementar a curto prazo uma ordem de serviço interna “para que todos os serviços pensem ambientalmente”.
“Quando se faz um evento, que o evento seja um eco-evento, quando se licencia uma casa, que tenha preocupações de poupança energética, quando a Câmara faz uma escola, que a escola seja amiga do ambiente. Se todos dentro da Câmara tiverem esta preocupação, nós vamos melhorando aos poucos aquilo que é nossa responsabilidade”, adiantou, lembrando que “não é a Câmara que polui, é a comunidade, a atividade económica e as pessoas em nome individual”. “Há aqui um processo de educação e formação a fazer para, com o trabalho de todos, termos condições para mudar o mundo”, defendeu. Ao que os ativistas acrescentaram também a necessidade de uma maior fiscalização.
Martine Rainho Jornalista martine.rainho@regiaodeleiria.pt Joaquim Dâmaso Fotojornalista joaquim.damaso@regiaodeleiria.pt