Recuperou o nome pelo qual o avô era conhecido para regressar ao espaço, onde já tinha tido um negócio. Na Taberna do Zé da Avó, os petiscos têm sotaque nazareno e são servidos à moda da praia
Na Taberna do Zé da Avó tudo o que vier à rede é pêxe ou carne. Seja pra incher o foquim ou seja carocha pa na dar. Se não é da Nazaré, e for o que os locais chamam de “paleco”, traduzimos: no restaurante que abriu no passado dia 16 de julho na Praça Vasco da Gama, no Sítio, há propostas de cozinha à moda da… Praia.
“A base são os petiscos e a comida tradicional portuguesa, com especial atenção aos produtos locais”, explica José Vigia, que herdou a alcunha de “Zé da Avó” do avô materno, que teve uma taberna mesmo ao lado do espaço onde agora abriu a… Taberna do Zé da Avó. Na verdade, o nazareno já ali tinha estabelecido um negócio no n.º 3 em 2007 e 2008.
Regressou passados 12 anos, depois de ter passado pela cozinha da Taberna do 8 ó 80 e de ser chef da cozinha do Vale d’Azenha Hotel & Residences, na Cela. “Fui desafiado a voltar para abrir um negócio próprio e acabei por regressar para estar mais em contacto com as pessoas”, adiantou o cozinheiro.
Transformou o espaço, criou uma carta condizente com as tradições da Nazaré e abriu portas com uma forte aposta nos petiscos. Assim, “pa incher o foquim”, ou seja, o utensílio que os pescadores usam para levar o farnel para a pesca, há carapaus enjoados grelhados, petinguinhas fritas, sequinho de raia ou lulinhas fritas com pimentos. Mas nem só de “pêxe” se faz a Taberna. Para quem queira, também há picapau de lombinho de alcaide, alheira de caça com grelos salteados ou tachinho de vitela estufada.
“Se houver lance”, que é como quem diz “se tiver sorte”, pode pedir uma dobradinha com feijão branco, mão de vaca com grão, enguias fritas, jaquinzinhos com arroz de tomate ou feijoada de sames, arroz de línguas de bacalhau. “Como todos os dias vou ao mercado e às compras, há pratos ou produtos que só tenho mediante a época ou a disponibilidade”, adianta José Vigia. “O que vier à rede é pêxe!… ó carne” é, de resto, a sugestão do chefe.
Para finalizar a refeição, e como “Carocha pa na dar!”, ou seja, para não dar nada a ninguém, sugere-se o doce da taberna, a mousse de lima, a pavlova de morango ou o pudim d’ovos.
Com 36 lugares sentados, a sala foi revestida com um material que quase parece cortiça. “É um restaurante com um ambiente familiar, onde as pessoas podem estar sem pressa, a experimentar um bocadinho de tudo, numa relação de qualidade/preço boa”, resume José Vigia. Nas paredes do restaurante há cerca de uma centena de garrafas de vinho. Mas, não se iluda… não estão para venda. “O que tenho aqui em exposição é da minha coleção pessoal. Tenho garrafas de 1955 e todas são anteriores ao ano 2000, mas são só para exposição e decoração”, esclarece o empresário.
Os “camones” já se renderam aos petiscos da Taberna do Zé da Avó, principalmente os italianos. Os palecos também. E o leitor?
Taberna do Zé da Avó
262 145 325
Praça Vasco da Gama n.°3 Sítio da Nazaré
Funcionamento: De segunda a domingo das 12:30 às 22:30 horas, encerra às quartas-feiras (até final de setembro)
Sara Vieira
Jornalista
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