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Corujas-das-torres ganham cinco novos alojamentos na Batalha

Grupo de observadores pretende sensibilizar população para preservação da espécie. Diversidade de espécies existentes no concelho da Batalha são partilhadas em plataforma online para todo o mundo

O primeiro está na Rebolaria. No último sábado, dia 12, a Golpilheira recebeu o segundo. Seguem-se Casais dos Ledos, Casal de Santa Joana e São Mamede. A iniciativa é do grupo Aves da Batalha e pretende sensibilizar e educar a sociedade para a proteção de espécies e da natureza.

Neste caso concreto, a ideia do grupo de observadores de aves, criado em 2018, é instalar cinco ninhos para corujas-das-torres, uma espécie que apesar de comum tem registado uma diminuição da população. “As corujas- das-torres escolhem casas abandonadas e palheiros para viver, próximo de campos agrícolas. Será nas periferias das aldeias ou em árvores de grande porte que vamos colocar os ninhos por acharmos que serão bons locais para que possam nidificar”, explica

João Tomás, um dos fundadores do Aves da Batalha. Os ninhos foram construídos por membros do grupo, seguindo o modelo utilizado no Reino Unido, e vão ser instalados nas suas áreas de observação de aves.

Cerca de 70 pessoas, entre alunos, professores, encarregados de educação e alguns curiosos juntaram-se ao grupo Aves da Batalha para colocar o ninho no cimo da árvore. São eles que vão ficar como cuidadores do refúgio.

Para além de terem assistido e ajudado à instalação da caixa de ninho, ficaram a conhecer a importância desta coruja para o equilíbrio dos ecossistemas, quais as ameaças que tem vindo a enfrentar nas últimas décadas e ainda as razões que levaram o Aves da Batalha a desenvolver o projecto no concelho.

Para isso, puderam através de imagens e sons conhecer melhor outras espécies de rapina nocturnas de Portugal, a importância do estudo das egagrópilas (uma massa de matéria não digerida do alimento de aves que algumas espécies regurgitam) e ainda o uso de câmaras de fotoarmadilhagem para o estudo deste grupo de aves.

“Foi uma tarde muito bem passada e em excelente companhia, com um grupo de jovens e adultos muito interessados em aprender e com uma enorme vontade de lutar por um ambiente melhor, mais saudável e sustentável. Afinal de contas, para se proteger é preciso conhecer. E esta foi mais uma excelente oportunidade para os batalhenses ficarem a conhecer o património natural do concelho e o mundo das aves de rapina nocturnas”, refere João Tomás.

Uma vez por mês, este grupo de “cidadãos apaixonados pela natureza” faz uma saída para o terreno. Vale do Lena, serra, Mata do Cerejal, Casais dos Ledos são alguns dos locais visitados. Além da observação de aves, os “apaixonados” recolhem dados que mais tarde são introduzidos na plataforma ebird, que disponibiliza em tempo real dados sobre a distribuição e a abundância de aves) e fazem ações de recolha de lixo e educação ambiental.

O concelho da Batalha tem, segundo João Tomás, características morfológicas que permitem observar um número de aves bastante heterógeneo.

Nas regiões mais agrícolas, com campos de arroz, milho e vinhas, é possível observar toutinegra-de-cabeça-preta, peneireiro-vulgar, garça-real, garça-branca-pequena, bútio-comum, mocho-galego, carraceiro e coruja-das-torres.

Já nas zonas florestais, entre os eucaliptos, carvalhos, sobreiros e pinheiros, os observadores do Aves da Batalha já avistaram a carriça, trepadeira-azul, chapim, gavião e açor. Em junho, um bufo- pequeno juvenil foi  identificado e detetado o chamamento de um progenitor. “O que significa que há nidificação na região”, refere João Tomás, que foi “surpreendido” com a descoberta.

A terceira variante de observação acontece na área do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. “Por aqui encontramos espécies que não aparecem nos vales. Por exemplo, o cuco restringue-se à serra”, explica o jovem, de 29 anos, que está a frequentar um mestrado em gestão de fauna selvagem. O melro-azul, pela quantidade existente, a cotovia- -pequena e a escrevedeira-de-garganta- preta são outras espécies possíveis de observar.

Marina Guerra
Jornalista
marina.guerra@regiaodeleiria.pt

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