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Taberna Zé Norte: Sabores sob o brilho da aldeia

Para manter a tradição familiar, Eduardo Norte assumiu o negócio que foi do avô e deu novo significado a um antigo café da Bidoeira de Cima.

Taberna Zé Norte

Para manter a tradição familiar, Eduardo Norte assumiu o negócio que foi do avô e deu novo significado a um antigo café da Bidoeira de Cima

O jeito para a restauração pulsava no sangue por três gerações e Eduardo Norte bem que poderia ter continuado pela saga de pastelarias que geriu ou teve ao longo da vida. Há dois anos e meio, todavia, a decisão pesou sobre assumir e retomar o café que, em 1960, foi fundado pelo avô e nos últimos 20 anos esteve arrendado na Bidoeira de Cima. Porquê? “Para voltar à terra”, justifica, pura e simplesmente, o atual gerente da Taberna Zé Norte.

Com ar cansado e feitio modesto, Eduardo tem colhido os louros de ter a casa cheia, seja ao almoço, seja ao jantar. Uma procissão que segue um guião já conhecido pela clientela. De partida, no café que ganhou ares de restaurante não há ementa fixa. “Nós temos coisas”, tenta explicar ao citar, por exemplo, que os grelhados são a base da casa e, por isso, são encontrados todos os dias. De resto – leia-se o bacalhau, o leitão, o robalo ao sal e a afamada paella – só sob encomenda. “Faz com que tudo seja produzido na hora”, explica o filho de Arminda Rato, principal responsável pelo que é servido em todos os turnos da casa. “É a ela que se deve boa parte do sucesso. As pessoas vêm cá por causa da minha mãe”, declara orgulhoso, antes de mencionar o pai, aquele que deu nome e cara ao negócio.

Apesar da discrição pessoal, o espaço diz um bocado sobre Eduardo. A começar pela decoração, que traz instrumentos e referências à música, o maior hobby do gerente. É pelas mãos dele também que é finalizada a, talvez, especialidade mais conhecida da taberna: as asinhas de frango em molho picante. Acompanhadas por qualquer uma das cervejas expostas – outra paixão –, culminaram na fama do estabelecimento para além da fronteira da aldeia. A lista de opções para beber não poderia ter melhor referência – as principais marcas presentes no Oktoberfest foram trazidas para o frigorífico exposto na sala. O resultado, sendo assim, passeia por sabores belgas, americanos, alemães e, claro, portugueses.

Na despedida, o trato também é familiar. Disposto no balcão, o leque de sobremesas fica a cargo da mulher de Eduardo que, diariamente, cuida de produzir e repor receitas próprias de cheesecake, mousse de café e delícia de chocolate, sendo esta última uma criação que se assemelha a um doce de três sabores. “É daqueles que raramente se ver por aí”, garante o marido.

Mas o principal tempero da Taberna Zé Norte não vem do que é servido ali, enfatiza Eduardo. “A forma como se lida com as pessoas na aldeia é diferente”, compara após ter trabalhado por duas décadas em Leiria e, atualmente, conhecer os clientes que atende na Bidoeira quase que na totalidade por nome e apelido. “Mesmo os que não são da terra”, sublinha. “É impensável na cidade criar esses laços com as pessoas”, compara, ainda sob o efeito do regresso. “E em boa hora o fiz”, acredita.

Taberna Zé Norte

244 722 212
Rua da Vista Alegre, nº 439, Bidoeira de Cima
Funcionamento: Todos os dias das 8h às 00h
Preço médio: 10-15 euros
Reserva para grupos: Até 40 pessoas

 

Jessica Germano
Jornalista
jessica.m.germano@regiaodeleiria.pt

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