Leiria faz parte do mapa nacional das escolas que ainda têm estruturas com amianto, revelou hoje o Movimento Escolas Sem Amianto (MESA), que há uma semana lançou a plataforma “Há amianto na escola” que convida funcionários, encarregados de educação e alunos a denunciar a presença daquele material em estabelecimentos de ensino.
Desde a criação da plataforma foram recebidas 40 denúncias de situações registadas em estabelecimentos de ensino de todo o país, revelou um responsável da iniciativa, citado pela agência Lusa.
“Há amianto na escola” é uma plataforma online junta o MESA e a associação ZERO. Segundo o coordenador do MESA, as denúncias chegaram “de todo o país”, desde “Marco de Canaveses e Guimarães, passando por Leiria e Setúbal até Olhão”, avançou André Julião.
O representante garante que as denúncias são credíveis, até porque têm de seguir determinados requisitos, tais como ter fotografias que comprovem a existência de estruturas problemáticas e ter a morada da escola em causa.
Depois de analisados os casos, os responsáveis da plataforma entram em contacto com quem, muitas vezes, usa a página “para pedir ajuda”.
“A ideia é encaminhar as queixas para os serviços do Ministério da Educação”, acrescenta o porta-voz da plataforma, lamentando que não haja transparência por parte do Governo neste processo.
O MESA e a ZERO criticam que continue a ser do desconhecimento da população a lista de escolas onde ainda existem estruturas com amianto, assim como lamentam que não seja divulgada a calendarização das obras que serão realizadas.
Desde que foi criado, no início do ano, o MESA tem pedido aos serviços do ministério a lista oficial de escolas com amianto. “Só no final da semana passada recebemos uma resposta da DGEstE (Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares) dizendo que estão a consolidar os dados relativos às obras realizadas em 2019”, contou à Lusa André Julião.
Por iniciativa do Sindicato de Todos os Professores (STOP), durante o mês outubro, uma dezena de estabelecimentos de ensino encerraram e foram feitos inúmeros protestos por professores, alunos e encarregados de educação para chamar a atenção para o problema da exposição a estas fibras.
O STOP estima que existiam mais de cem estabelecimentos de ensino com situação crítica.
Também a Fenprof tem criticado a atuação do Governo, estando a agendar várias iniciativas sobre esta matéria, entre as quais avançar com ações judiciais contra o Estado e em nome dos professores que trabalham em escolas com amianto.
Estes dois sindicatos também têm criticado o facto de não ser conhecida uma lista oficial com o número de estabelecimentos com amianto, nem um calendário de obras.
O coordenador do MESA acredita que pais, alunos e funcionários ficariam mais descansados se conhecessem a calendarização das obras nas diferentes escolas.
O amianto foi um material muito utilizado na construção, estando atualmente proibido uma vez que a inalação dessas fibras – que podem ser libertadas quando as estruturas estão em mau estado de conservação ou são danificadas – podem provocar inúmeras doenças, entre as quais do foro oncológico.