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Noite Verde “quente” marcada por fortes críticas de Varandas a “minoria ruidosa”

“Fomos os primeiros a acabar com uma guarda pretoriana paga para fazer o trabalho sujo de uma direção”, disse o presidente do Sporting na Ortigosa, na 39ª Noite Verde, em que foram entregues os Rugidos de Leão.

O presidente do Sporting lançou na sexta-feira à noite, 8 de novembro, na Quinta do Paul, Ortigosa, fortes críticas ao que chamou “minoria ruidosa” de apoiantes do clube que “desrespeita a legitimidade da vontade da maioria dos sócios”.

Na mais “quente” Noite Verde dos últimos anos, alguns ânimos exaltaram-se durante o discurso e à saída de Frederico Varandas. Em resposta, o presidente dos “leões” apontou o dedo aos críticos internos, sobretudo ao contencioso que mantém com as claques:

“Fomos os primeiros a acabar com uma guarda pretoriana paga para fazer o trabalho sujo de uma direção”, disparou, lamentando a existência no Sporting de uma “minoria ruidosa que não aceita viver com as regras da democracia”.

Em conflito com a Juventude Leonina e Directivo Ultras XX, uma “minoria ruidosa que perdeu muitas regalias”, Varandas admitiu estar “a mexer com interesses instalados de muita gente”.

“Sei que fomos os primeiros em muitos anos a ter coragem de acabar com um negócio que nada tem a ver com o apoio genuíno como era no passado”, sublinhou, perante os cerca de 1.500 adeptos que encheram, uma vez mais, a festa verde e branca.

Apupado por cerca de uma dúzia de presentes no restaurante, que tentaram perturbar o início do discurso, o presidente do Sporting foi subindo de tom ao mesmo tempo que alguns contestatários foram abandonando, em protesto, a sala onde decorreu a 39ª ‘Noite Verde’. Um deles exibiu longamente um cachecol onde se lia “A culpa é do Bruno”, de apoio ao ex-presidente Bruno de Carvalho.

“Era muito fácil para nós reduzir esse ruído: cedíamos e pagávamos a quem faz barulho e exige dinheiro para apoiar. Mas há momentos em que não podemos vacilar, em que temos de estar do lado certo da história, por mais que isso nos custe, por mais que isso nos doa, por mais que isso implique risco, desgaste e confronto”, frisou.

O líder dos ‘leões’ garantiu que irá ficar até ao final do mandato. “Este clube precisa mais do que nunca de adquirir uma cultura institucional e de estabilidade. Só assim poderá crescer”.

Ao fim de 14 meses de presidência, Frederico Varandas não está “nada surpreendido” com a contestação que enfrenta, nem “nada arrependido” por ter sido eleito.

O Sporting, diz, estava “em verdadeira guerra civil e numa profunda crise de valores”, e a direção que lidera estava consciente que teria de “tomar medidas que trariam consequências”.

“Sabíamos que iria ser exatamente assim. Nós sabíamos e esperávamos tudo isto: um mandato com golpes baixos, traições intoxicações, manipulação da opinião pública, ataques pessoais. Temos todos a confirmação disso”.

Financeiramente, o Sporting hoje “está muito melhor” porque, “ao contrário do que muitos agoiravam, não faliu”.

“Conseguimos resolver graves problemas de tesouraria”, “pagar o que outros não pagaram” e “cumprimos o empréstimo obrigacionista que a direção anterior não conseguiu pagar”, explicou, lembrando ainda os “40 milhões de euros de divídas a clubes” saldadas e o esforço para evitar o incumprimento das regras do fair-play financeiro estipulado pela UEFA, com o pagamento aos jogadores a quatro dias do prazo limite, “o que significa ser excluído das competições europeias”.

Ao mesmo tempo foi possível “a renegociação de uma reestruturação financeira histórica e decisiva para o futuro do clube”, mesmo tendo em conta que foram perdidos “100 milhões de euros com os crimes de Alcochete” e que “não aconteceu” a “venda histórica” de Bruno Fernandes, “que nos permitiria reequilibrar as contas e reinvestir um pouco na equipa de futebol”.

“Conseguimos tudo isto com uma realidade duríssima, que nenhum dos três grandes alguma vez viveu”, frisou.

Apesar disso, Varandas reconheceu que o Sporting ainda não está “como deve estar”.

No futebol profissional, o presidente dos ‘leões’ lembrou que o plantel foi construído “com menos 10 milhões de euros face ao que custava o da época passada”, mas admitiu que, mesmo assim, a prestação está “aquém das expetativas”. No entanto, pediu aos presentes que comparassem a performance atual com a equipa que Marco Silva orientou, na época de 2014-2015:

“À 10.ª jornada, temos os mesmos 17 pontos e estamos em quarto lugar, e essa equipa estava no oitavo. Não me lembro de ver a histeria que há hoje”. Por isso avisou que não vai alterar o plano traçado.

“O caminho é respeitar o nosso ADN, ser o que sempre fomos: a melhor formação de Portugal e uma das melhores da Europa”, disse.

Esta sexta-feira na Ortigosa, na noite em que foram entregues os Rugidos de Leão, Frederico Varandas prometeu ainda aos sportinguistas:

“Jamais hipotecaremos o futuro do Sporting e jamais permitiremos que alguém brinque ou jogue novamente roleta russa com o Sporting e perca tudo numa jogada. Ainda hoje pagamos o preço de jogadas dessas”.

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