O rio Lis galgou as margens na zona de S. Romão, em Leiria, impedindo a circulação nalgumas zonas do percurso Polis
Duas pessoas – uma mulher de 70 anos e o filho de 43 anos – ficaram desalojadas ontem, quinta-feira, na sequência da queda parcial do telhado da habitação onde residem, em S. Romão, Leiria.
A situação foi registada cerca das 16 horas, numa habitação antiga, tendo sido mobilizados par ao local os Bombeiros Sapadores de Leiria. A família, acompanhada pelo serviços sociais do Município e Segurança Social, foi realojada no Centro de Emergência de Alfeizerão, no concelho de Alcobaça. informou fonte da autarquia.
Entretanto, desde as zero horas de quinta-feira até às 12 horas desta sexta-feira, o Centro Municipal de Operações de Socorro (CMOS) de Leiria registou 102 ocorrências no concelho de Leiria devido ao mau tempo, com destaque para inundações, quedas de árvores, de estruturas móveis e edificados.
Vários muros caíram, nomeadamente junto às piscinas de Belo Horizonte, como retrata uma das fotografias da fotogaleria. Segundo a autarquia, a desabamento não impede o acesso ao complexo nem provocou outros danos.
Para acorrer às diversas situações, foram empenhados 250 operacionais das quatro corporações de bombeiros do concelhos: Bombeiros Sapadores de Leiria e Voluntários de Leiria, Maceira e Ortigosa.
Num alerta à população, e face à previsão de continuação de chuva forte, “com possibilidade de o caudal do rio Lis subir e de poder transpor as margens”, o Município de Leiria apela aos leirienses que não utilizem o percurso Polis.
O rio galgou as margens junto ao parque radical e ao campo de milho, na zona de S. Romão, alagando o percurso que se encontra intransitável por baixo do viaduto da avenida da Comunidade Europeia. A força das águas verifica-se ainda particularmente junto à cascata do Moinho do Papel.
A subida do nível das águas está também bem patente junto à ponte das Mestras, onde passa o rio Lena, a montante da confluência com o rio Lis, numa zona que, em anos de elevada precipitação, tem sido bastante afetada com inundações.
Campos agrícolas alagados no Vale do Lis e cortes de energia, alguns pontuais outros mais prolongados, na maioria das freguesias do concelho são outras consequências registadas devido à passagem da depressão Elsa.
“A EDP informou-nos que toda a média tensão já está operacional e existem ainda situações pontuais no que se refere à baixa tensão. Aos poucos a situação está a estabilizar”, descreveu o presidente, em declarações à Lusa, enaltecendo ao “nível de prontidão” da empresa de energia elétrica.
A passagem da depressão Elsa, em deslocação de norte para sul, provocou em Portugal dois mortos, um desaparecido e deixou 70 pessoas desalojadas, registando-se até à manhã de hoje mais de 6.200 ocorrências.
Num balanço feito à agência Lusa cerca das 9 horas de hoje, o comandante Paulo Santos, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), disse que foram registadas 6.237 ocorrências desde quarta-feira, afetando em especial os distritos de Porto, Viseu e Lisboa.
O responsável destacou como ocorrências principais as quedas de árvores, movimentos de terras, inundações e quedas de estruturas. O mau tempo provocou também danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) tem hoje sob aviso laranja (o segundo mais grave) 12 distritos de Portugal continental e a costa norte da Madeira devido sobretudo à agitação marítima. Leiria, Santarém e Portalegre estão sob aviso laranja também devido às previsões de precipitação forte durante a tarde.
O IPMA alertou para os efeitos de uma nova depressão, denominada Fabien, que atingirá Portugal no sábado, em especial o Norte e o Centro, estando previstos intensos períodos de chuva e vento forte de sudoeste, com rajadas que podem atingir 90 km/hora no litoral norte e centro e 120 km/hora nas terras altas.
Foto de destaque de Nelson Luís
A subida das águas dos rios Lis e Lena constitui uma preocupação no concelho de Leiria. O percurso Polis tem zonas intransitáveis, há campos alagados e registos de derrocada de muros