As exportações de pera rocha renderam a esta fileira agrícola 90 milhões de euros entre janeiro e novembro de 2019, mais 16% do que no ano anterior, anunciou no Bombarral a associação representativa do setor.
Segundo o presidente da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP), Domingos dos Santos, este crescimento é devido “ao trabalho das centrais fruteiras e ao trabalho de promoção [da pera] em novos mercados”.
Para o resultado, contribuíram as mais de 10 mil toneladas de fruta exportadas através do LIDL Internacional para os seus hipermercados na Alemanha, França, Espanha, Luxemburgo, Áustria e Inglaterra.
A parceria com a multinacional alemã, que obrigou 14 empresas a organizarem-se num consórcio, começou em 2014, tendo sido exportadas nesse ano duas a três mil toneladas e as exportações têm sempre vindo “a crescer de forma sustentável”, disse o diretor das Frutas e Legumes do LIDL em Portugal, Jorge Silva.
Por semana, 32 camiões transportam pera rocha do Oeste para supermercados LIDL.
Nos últimos três anos, o setor da produção da pera rocha investiu 430 mil euros num projeto de promoção da fruta na Alemanha, Brasil, Espanha, França, Reino Unidos, Peru e China.
Nesse âmbito, a ANP participou em nove feiras internacionais em Espanha, Alemanha, China e Peru, trouxe 18 jornalistas, ‘chefs’ e bloggers estrangeiros a visitar a região do Oeste, onde a fruta é produzida, deu a provar a pera em 1.730 voos da companhia aérea TAP com destino a Alemanha, França, Reino Unido e Espanha e efetuou uma campanha publicitária na capital francesa, com 700 ‘mupis’ colocados de forma estratégica.
Ao fim dos três anos, num inquérito realizado, a maioria das centrais fruteiras considerou que o projeto de internacionalização trouxe um impacto positivo para a empresa e para toda a fileira, valorizou a fruta, facilitando os contactos comerciais e impulsionando as exportações.
“O retorno é bastante positivo e temos de continuar este trabalho de promoção”, concluiu Domingos dos Santos, numa altura em que, as margens de lucro estão a descer devido ao aumento dos custos de produção, sendo necessário encontrar novos mercados.
O Ministério da Agricultura tem em curso processos para desbloquear os mercados da China, Equador, África do Sul, Chile, Coreia do Sul, Indonésia e Índia, adiantou Cláudia Sá, da Direção Geral da Alimentação e Veterinária.
Após a abertura do mercado à uva e citrinos portugueses, a China demonstrou há duas semanas interesse em avançar com o processo para a pera, depois de uma ação de promoção realizada pela ANP em novembro.
No segundo semestre do ano, a ministra da Agricultura vai deslocar-se à China para o efeito, disse o dirigente.
Na última campanha, foram colhidas 200 mil toneladas de pera rocha e 60% dessa produção é vendida nos mercados internacionais, com Marrocos a liderar, seguindo-se o Brasil e a Inglaterra.
A ANP, com sede no Cadaval, possui cinco mil produtores associados, com uma área de produção de 11 mil hectares, equivalente a 85% de toda a área de cultivo da pera rocha do Oeste.
A pera rocha é produzida (99%) nos concelhos entre Mafra e Leiria, sendo os de maior produção os do Cadaval e Bombarral.
Esta fruta possui Denominação de Origem Protegida, um reconhecimento da qualidade do fruto português por parte da União Europeia.
Lusa