Vinte e seis municípios compõem o território da Rede Cultura 2027 Foto: Joaquim Dâmaso
Leiria é a candidatura “mais preparada” de entre as cidades portuguesas que querem ser Capital Europeia da Cultura (CEC) em 2027, defende o presidente do município.
A ambição surgiu em 2015 e ganhou corpo, envolvendo, a partir de 2018, 26 municípios das comunidades intermunicipais de Leiria, Oeste e Médio Tejo, “aproximadamente 700 mil pessoas”, sublinha Gonçalo Lopes.
A candidatura avançou como consequência da “projeção cultural extremamente grande [da cidade] nos últimos anos”, que gerou “na comunidade cultural, mas também na associativa e política”, a “ambição de tornar a cultura num fator de distinção do território”.
A criação de um novo território é aspeto chave da proposta de Leiria, sublinha o coordenador executivo da candidatura.
“É muito positivo ver 26 presidentes de diferentes partidos, com diferentes históricos, que estão sentados à mesma mesa com uma vontade de colocar a cultura como motor dos seus territórios. Tem sido o dado mais significativo”, diz à agência Lusa Paulo Lameiro.
Os 26 municípios estão a constituir uma cooperativa, com capital social “superior a meio milhão de euros”, garantindo que, com ou sem CEC, “ter-se-á um veículo que aposta na cultura por um tempo indeterminado”, realça o presidente da Câmara de Leiria.
“Há um sinal claro que não é só um momento em que estamos interessados. Estes municípios querem mesmo apostar na cultura como fator de atração”, acrescenta Gonçalo Lopes, algo que Paulo Lameiro considera “mais importante que o título”.
Com 1.500 agentes culturais e 500 “embaixadores” registados na plataforma criada pela Rede Cultura 2027, entidade que prepara o projeto, em 2020 a candidatura está a abrir-se à comunidade, “porque este tem de ser um processo com todas as pessoas, não somente com os agentes culturais e agentes políticos”, afirma o coordenador.
Gonçalo Lopes não duvida que “Leiria é a candidatura mais preparada”.
“Começou mais cedo, tem muitas horas de trabalho. Tem equipas profissionais a trabalhar este tema nos últimos dois anos de maneira intensa. Há um investimento brutal no planeamento que irá produzir resultados. Tanto que se conseguiu unir um território de aproximadamente 700 mil pessoas”.
Para o autarca, “nenhuma das outras candidaturas” é comparável à dimensão populacional e territorial da Rede Cultura 2027, equiparável à União Europeia pelo sentido de “cidadania” e “coesão”.
“Temos cidades grandes como Leiria ou concelhos com dois mil ou três mil habitantes, como é o caso dos concelhos fustigados pelos incêndios de 2017. Esta heterogeneidade é um pouco parecida com o que acontece na Europa”, acrescentou.
O pós-2027 está sempre presente nas reflexões de Paulo Lameiro, que diz ser “impossível” prever os efeitos de uma eventual atribuição da CEC em Leiria.
“As transformações sociais, laborais, políticas e económicas são tão surpreendentes e tão inesperadamente rápidas que temos de estar preparados para o inesperado”, afirmou
Mas o coordenador assume que o processo é, por si só, revolucionário.
“Todas as cidades têm de desenvolver um plano estratégico municipal para a cultura. Isso está a acontecer em todas. Ou seja, não seria feito se não houvesse esta candidatura. Obrigado Bruxelas, obrigado comunidade europeia que, ao menos, contribui para que nós façamos o que deveríamos fazer mesmo que não houvesse uma candidatura”, disse Paulo Lameiro.
Portugal vai acolher em 2027 a Capital Europeia da Cultura, juntamente com uma cidade da Letónia.
Os dois países selecionados são responsáveis pela organização do concurso entre as suas cidades, devendo para isso publicar um convite à apresentação de candidaturas com seis anos de antecedência.
Após a apresentação de candidaturas, que devem focar-se na criação de um programa cultural com dimensão europeia, caberá a cada Estado-membro convocar um júri para uma pré-seleção das cidades candidatas, isto até cinco anos antes.
Além de Leiria, já anunciaram que vão apresentar uma candidatura as cidades de Aveiro, Faro, Viana do Castelo, Coimbra, Évora, Braga, Guarda e Oeiras.
A decisão final será dos países, devendo ser tomada até quatro anos antes do título.
Portugal já recebeu a Capital Europeia da Cultura em três ocasiões: 1994 (Lisboa), 2001 (Porto) e 2012 (Guimarães).
Lusa