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Serra, o cão que guarda o “cluster” artístico da Reixida

De raça Serra da Estrela, Serra é um dos simpáticos anfitriões no espaço cultural Serra, onde convivem músicos, pintores, designers e outros criadores na Reixida, na freguesia das Cortes, em Leiria.

Joana Magalhães
Jornalista
joana.i.magalhaes@regiaodeleiria.pt

O lançamento do pau é provavelmente a brincadeira mais conhecida entre cães e donos. O cão Serra até nisso é especial e não se deixa convencer pelo truque, talvez por influência da vida artística que o rodeia. De raça Serra da Estrela, o cão deu nome ao espaço artístico na Reixida, na freguesia das Cortes, em Leiria, que nasceu no final de outubro do ano passado.

Mas antes da fundação da associação Serra – Espaço Cultural, onde se juntam músicos, pintores, designers, o cão já fazia companhia aos artistas que por ali andavam.

Um dos episódios mais caricatos protagonizado por Serra é precisamente uma das últimas tentativas de lançamento do pau:

“Ele começou a correr para o ir buscar, pela primeira vez, e nós ficámos verdadeiramente felizes! Quando chegou perto do pau, nem parou, continuou a correr e foi esconder-se na casota dele”, conta ao REGIÃO DE LEIRIA Miguel Ferraz, membro da direção da associação.

“Rimo-nos bastante e concluímos que o Serra não é um cão como os outros, mas sim mais um artista deste espaço”, acrescenta.

Já com 9 anos, Serra desperta sempre sorrisos nos “tios fixes” que lhe fazem companhia todos os dias. Dar o mesmo nome à associação revelou-se uma escolha óbvia:

“Como ele sempre nos recebeu bem no seu espaço e tem um nome que se adequa à zona, revelou-se a homenagem perfeita”, diz Miguel Ferraz.

O cão pertence a uma empresa vizinha, a Moviter, e são os colaboradores que tratam dele e que lhe deram o nome.

De vez em quando, os “tios fixes” dão uns biscoitos e o Serra retribui com brincadeira. Sempre bem disposto, é um cão “muito medroso, muito amistoso e sensível”, explica Miguel.

Nos dias de maior folia, o Serra gosta de “roubar” qualquer coisa aos artistas e levar para a casota. “Ele tem uma
coleção que um dia podia dar num museu!”.

Miguel Ferraz conta ainda que esta é a maneira que Serra arranja para não se sentir sozinho nos dias em que está, de facto, sozinho.

Dos 30 membros da associação, o Serra conhece-os a todos e faz sempre uma grande festa à chegada de cada um. É um verdadeiro cão guarda e protege o espaço como ninguém.

“O Serra podia perfeitamente estar num filme de comédia, é verdadeiramente engraçado por ser tão medroso”, diz o responsável. Medos àparte, adora quando há eventos no espaço artístico, especialmente churrascos, porque trazem muitas crianças ao local e o Serra adora crianças, conforme salienta Miguel, um dos “tios fixes”.

Para descansar, o local de eleição do cão é a sua casota, onde costuma dormir. Mas nas noites de fogo de artifício, o medo fala mais alto e dorme junto aos ateliers para se sentir mais seguro.

Como diz o velho ditado – “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és” – e talvez seja a convivência diária com artistas que torna o Serra num cão tão especial. Uma coisa é certa: naquele espaço não há quem esteja sozinho, nem artistas, nem o cão.

O cão tem 9 anos e é companhia diária dos artistas do espaço Serra

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