A Associação Nacional da Indústria de Moldes (Cefamol) desconhece a existência de “esquemas bem organizados” de baixas fraudulentas na região de Leiria, um problema denunciado esta quarta-feira, dia 12, pelo presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal. O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira (STIV) “não aceita as acusações de forma alguma”.
“Dá a ideia de que há situações já montadas, esquemas bem organizados, e lamento não conseguir fazer prova disto, pois não há apanhados em flagrante, mas relatam-me, principalmente na zona de Leiria, no sector dos moldes e do vidro, toda aquela região, um crescimento no número de baixas sem um rigoroso controlo”, afirmou à TSF o presidente da Confederação, António Saraiva.
Na sua perspetiva, “os problemas que conhece em concreto na região de Leiria podem existir no resto do país e já sinalizou a necessidade de um maior controlo e de uma pedagogia junto da classe médica, pois não pode haver laxismo na conceção de baixas”.
O secretário-geral da Cefamol, Manuel Oliveira, afirmou ao REGIÃO DE LEIRIA que “nenhuma das empresas contactadas esta tarde pela associação revelou ter este problema, nem o conhecem com esta dimensão e gravidade no sector”.
Até agora, a associação “não tem sido alertada pelas empresas de moldes para esta situação, pelo menos de uma forma tão abrangente e em tão larga escala”, reforçou Manuel Oliveira, adiantando que “certamente haverá sempre questões pontuais”.
O STIV, por seu lado, “não aceita de forma alguma as acusações feitas publicamente aos trabalhadores e aos médicos”, considerando que “o dr. António Saraiva e as administrações das empresas deveriam verificar, sim, por que é que nas secções onde o trabalho é intenso e repetitivo as baixas por doença profissional aumentaram”.
“Não foi por acordo entre trabalhadores e médicos, são os exames que comprovam a doença profissional, em grande maioria tendinites e, se forem trabalhadores do regime de turnos, o leque de doenças é muito mais abrangente”, disse ao REGIAO DE LEIRIA a dirigente do STIV, Etelvina Rosa, questionando se “com o baixo nível de salários, os trabalhadores têm as condições necessárias para viver quando estão a receber subsidio de doença”.
A TSF noticiou que “há seis anos que o número de beneficiários de subsídios de doença não pára de aumentar em Portugal, com os patrões a pedirem mais fiscalização à Segurança Social e mais atenção aos médicos, pois dizem que há indícios de práticas abusivas em baixas fraudulentas”
“Em 2019 a tendência de subida continuou, tendo-se registado mais 132 mil baixas do que em 2018, atingindo um total nunca visto desde que há registos (em 2001): 1,8 milhões de subsídios de doença num ano”, segundo os dados consultados e calculados pela rádio.
Carlos Ferreira
Jornalista
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Secretário-geral da Cefamol afirmou ao REGIÃO DE LEIRIA que “nenhuma das empresas contactadas esta tarde pela associação revelou ter este problema” Foto de arquivo