O Bloco de Esquerda exige saber que inspeções foram realizadas para acautelar o perigo de abatimento da Autoestrada 8 (A8) se for alargada a área de exploração da mina de Ribeiro Seco, nos concelhos de Alcobaça e Nazaré.
Numa pergunta dirigida ao Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, em que volta a alertar para esse risco, o partido questiona se a Infraestruturas de Portugal “realizou ações de inspeção ao pavimento da A8 no troço Valado dos Frades – Pataias, junto à mina de Ribeiro Seco”.
A mina de Ribeiro Seco, já com duas pedreiras a serem exploradas, tem em processo de aprovação uma área de exploração de 67,6 hectares, localizados nos concelhos da Nazaré e de Alcobaça (distrito de Leiria) e atravessados pela A8.
“A perspetiva de concessão da exploração mineira tem sido motivo de preocupação por parte da população e da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza”, sublinham os deputados do BE, lembrando que em novembro de 2019 a associação alertou para o risco de abatimento na A8, no troço atravessado pela mina.
A associação ambientalista considerou na altura “incompreensível” o facto de o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) apresentado pela empresa do grupo Para a Pedra “quase ignorar a existência da A8” apesar de em 2018, segundo o Relatório de Tráfego na Rede Nacional de Autoestradas (publicado pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes), “146.861 veículos terem utilizado este troço, com uma média mensal e diária de 12.238 e 408 veículos, respetivamente”.
Já em janeiro deste ano a comunicação social revelou um estudo da empresa Theia em que, através de imagens de satélite, foi identificado um abatimento da A8 junto à mina.
Segundo a empresa, em algumas zonas de atravessamento da exploração mineira “observa-se uma velocidade de abatimento do pavimento e zona envolvente na ordem dos dois centímetros por ano”, refere a pergunta do BE hoje divulgada.
Os bloquistas afirmam ainda que o abatimento terá sido comunicado pela Theia à entidade concessionária da A8, a Autoestradas do Atlântico, tendo esta revelado estar a acompanhar a situação com “ações de inspeção periódicas” que não terão “detetado quaisquer irregularidades no local”.
O BE exige agora saber em que datas se realizaram as ações de inspeção, quais foram as principais conclusões e, caso se confirme o abatimento, que medidas pretende o Governo tomar “para salvaguardar a segurança dos utentes da A8”.
Se o abatimento se confirmar, o BE questiona ainda se o Governo considera haver condições para o alargamento da área de exploração da mina, que se dedica à produção de quartzo e caulino para abastecimento das indústrias cerâmica, vidreira e de construção civil.
Lusa