Enquanto o número de pessoas infetadas pelo novo coronavírus (2019-nCoV ou nCoV) aumenta a cada dia, os 17 portugueses retirados da cidade chinesa de Wuhan, aterrou ao início da tarde, na base militar de Istres, sul da cidade francesa de Marselha, noticiou a agência France-Presse.
A aterragem ocorreu pelas 13h30 (hora de Lisboa) e a bordo do Airbus A380 viajaram 250 cidadãos europeus, entre eles 17 portugueses. Os portugueses vão ser agora transportados para Portugal por um avião da Força Aérea, desconhecendo-se, para já, a hora de chegada, revelou a agência Lusa, pelas 16 horas deste domingo.
O Ministério da Saúde vai disponibilizar instalações onde os portugueses provenientes de Wuhan possam ficar em “isolamento profilático” voluntário. O Hospital Pulido Valente, em Lisboa, e o Hospital Militar, no Porto, serão as unidades a recebê-los.
Na China, país onde teve início o surto da epidemia que causa infeções respiratórias e já levou à morte 305 pessoas e mais de 14 mil infetados, as autoridades suspenderam a entrada no território. Os dados têm estado em constante atualização, sendo possível acompanhar online e em tempo real a evolução do contágio pelo planeta. Em Portugal ainda não há casos confirmados e Espanha registou este fim de semana o primeiro caso.
Com milhares de jovens de origem chinesa a estudar na região, o Intistituto Politécnico de Leiria confirma que “alguns estudantes foram passar o Novo Ano Chinês à China”, celebrado a 26 de janeiro, e que o regresso “será devidamente preparado, em articulação com as autoridades competentes”.
O Instituto aguarda ainda a chegada de três novos estudantes, vindos de Macau, para o início do segundo semestre letivo, em meados de fevereiro. “O Politécnico de Leiria tem estado em permanente contacto com as entidades de saúde, para adoção de todas as medidas adequadas, nomeadamente de prevenção”, informa.
Ao REGIÃO DE LEIRIA, a médica responsável pela Consulta do Viajante no Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Litoral, Ana Silva, desaconselha viagens para a China ou países vizinhos neste momento. “A menos que se trate de algo imprescindível e urgente”, sublinha a especialista, fazendo uma série de recomendações para evitar contaminação com o coronavírus ou até mesmo com o surto de gripe “em plena época em Portugal”.
Lavar as mãos com frequência, “especialmente se houve a possibilidade de ter estado em contacto com alguém doente”, e utilizar máscara “nos locais onde está a decorrer o surto” estão entre as principais orientações, tal como ter “bem presente as medidas de etiqueta respiratória”. “Tossir para o lenço ou para o braço e nunca para as mãos e deitar o lenço de papel para o lixo”, explica a médica.
Para qualquer pessoa que tenha estado nas áreas identificadas com surto do coronavírus, ou transitado por aeroportos internacionais nas últimas duas semanas, e apresente sintomas sugestivos de doença respiratória “tais como febre, transpiração, mal estar geral, fraqueza, tosse e nariz entupido”, a indicação é que se desloque para um serviço de saúde ou ligue para a Linha SNS24 (808 24 24 24), informando da sua condição, juntamente com o trajeto de viagem que fez.
“Sabe-se que o período de incubação do vírus varia entre dois a sete dias, mas pode ir até aos 14 dias”, explica Ana Silva. “A transmissão pessoa a pessoa já foi confirmada, embora ainda não haja certezas sobre a via de transmissão, sendo a respiratória a mais provável, dadas as parecenças com os restantes coronavírus”, completa.
JG/Lusa
(Artigo publicado na edição de 30 de janeiro de 2020, atualizado com o número de infectados e de mortos, bem como da chegada do avião com 17 portugueses provenientes de Wuhan).