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Surfistas e WSL realçam dia épico na Nazaré apesar do susto com Alex Botelho

O Nazaré Tow Surfing Challenge decorreu hoje na Praia do Norte. Alex Botelho sofreu um acidente quando estava na mota de água, mas encontra-se estável. Veja o vídeo do momento.

O Nazaré Tow Surfing Challenge, prova de ondas gigantes que hoje decorreu na Praia do Norte, foi um sucesso, apesar do acidente que sofreu o português Alex Botelho, consideraram os surfistas e a Liga Mundial de Surf (WSL).

“Isto não são ondas grandes, são ondas mesmo gigantes, porque nem é possível entrar nelas a remar, só com o auxílio da mota de água”, afirmou à Lusa Francisco Spínola, diretor-geral da WSL para a Europa, África e Médio Oriente, quando a competição ia a meio, destacando os desempenhos “incríveis” dos melhores surfistas do mundo nestas condições desafiantes.

E acrescentou: “Não podíamos estar mais satisfeitos com o resultado desta primeira edição, com o público a aderir em massa, quer os portugueses, quer os estrangeiros”.

Por seu turno, Garrett McNamara, o havaiano que colocou a Nazaré no epicentro mundial das ondas gigantes, e ex-recordista da maior onda surfada, admitiu à Lusa que gostava de ter surfado nas ondas que hoje quebraram na Praia do Norte, realçando que, apesar de, à distância, e apesar da dimensão, as ondas parecerem “amigáveis e suaves”, dentro de água o risco era muito elevado.

https://www.facebook.com/WSL/videos/193967371807125/

Apesar do susto a situação clínica de Alex Botelho está controlada Vídeo: WSL

Algo que se veio a confirmar mais tarde, quando o surfista português Alex Botelho sofreu um acidente na reta final da prova, tendo sido resgatado inconsciente da água e transportado para o Hospital de Leiria, ainda que com uma situação clínica “estável”, segundo disse à Lusa Nuno Oliveira, o médico que o assistiu.

“Foi um excelente ‘call’ [chamada, ou luz verde à competição]”, assinalou McNamara, considerando que “era impossível ser melhor, porque as condições estão perfeitas, há ondas o dia todo, e está o tamanho certo, sem ser grande demais”.

O veterano ‘big rider’, de 52 anos, estimou que as maiores ondas do dia tenham chegado aos 60 pés, isto é, mais de 18 metros.

“Está a ser um dia lindo, temos condições sólidas, estamos todos a salvo e estamos a dar um espetáculo digno. Estou muito feliz. Foi uma chamada perfeita”, destacou à Lusa o surfista espanhol Axier Muniain, também antes do episódio que envolveu Alex Botelho.

Finalmente, Nicolau von Rupp (Nic), surfista português que também competiu hoje no ‘canhão’, vincou que o Nazaré Challenge teve uma estreia “em grande”, com “condições épicas” e ondas “perto dos 20 metros”, ou seja, a bater próximo da marca do recorde mundial que está com o brasileiro Rodrigo Koxa (24,38 metros de altura).

“Correu tudo bem até ao último ‘heat’ [bateria], quando tivemos um incidente com um grande amigo meu, que é o Alex, que teve um acidente que lhe ia tirando a vida. Não há melhor forma de o dizer. Aliás, tirou-lhe a vida e, felizmente, o universo quis dar-lhe mais uma chance e trouxe-o de volta para nós”, comentou à Lusa Nicolau von Rupp.

Segundo o atleta, este acidente demonstra o perigo que correm os surfistas de ondas gigantes, especialmente, quando desafiam as poderosas vagas da Praia do Norte.

“São montanhas de água, toneladas e toneladas de água que caem em cima de nós. Não sei se o corpo humano está feito para levar com ondas deste tamanho e com tanta pressão”, ilustrou, vincando que este é um “desporto de risco” e que “a vida humana é muito superior a um ego de querer surfar uma onda maior”, pelo que, na sua opinião, Alex Botelho é o grande vencedor do dia.

Francisco Spínola, que, depois do acidente com o surfista algarvio, apontou para o plano de salvamento montado pela organização e a preparação física de Alex Botelho como fatores fundamentais para que tenha sobrevivido ao grande susto do dia.

“Quando digo que a Nazaré é o Evereste do surf, é mesmo. E no Evereste todos os anos morrem pessoas. É muito importante que o público perceba o risco que correm estes atletas, que parece que fazem disto uma coisa fácil, mas que pode ser fatal”, concluiu.

 

Lusa

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