Cerca de uma centena de automobilistas participaram hoje, 7 de março, numa marcha lenta entre a Benedita (Alcobaça) e Aveiras de Cima (Azambuja) em protesto contra o mau estado do Itinerário Complementar (IC) 2, que atravessa os distritos de Leiria, Santarém e Lisboa.
A organização foi do Movimento Marcha Lenta do IC2, que contesta a perigosidade da via, onde, segundo o porta-voz, José Belo, citado pela agência Lusa, se registam “uma média de oito mortes por ano” em acidentes e “ocorrências diárias com danos provocados em viaturas pelo mau estado da estrada”.
A caravana de automóveis em marcha lenta partiu da Benedita pouco depois das 10 horas, com as participação dos presidentes de câmara de Rio Maior e Alcobaça, concelhos atravessados pela estrada, “um dos principais eixos de transporte de mercadorias do país”.
Também presente no local, a presidente da Junta de Freguesia da Benedita, Maria de Lurdes Pedro, prometeu que “as reivindicações não vão parar até que a obra seja efetivamente iniciada”.
A requalificação do IC2 está anunciada desde outubro de 2015, mas o lançamento do concurso tem sido sucessivamente adiado.
“Há pelo menos quatro ou cinco anos que a via se encontra num estado lastimável, provocando acidentes e danos que as populações não estão mais dispostas a aguentar”, afirmou a autarca.
A fila que arrancou da Benedita e o movimento estima que tenha chegado a 16 quilómetros de extensão. Segundo a organização, o “trânsito profissional”, ou seja camiões de empresas, foi desviado GNR.
Durante o percurso foi depositada uma coroa de flores no viaduto das Bocas, ao quilómetro 74, em Rio Maior, considerado um dos pontos negros da estrada por ali se terem registado vários acidentes mortais.
A Infraestruturas de Portugal (IP) deliberou em outubro de 2015 lançar o procedimento pré-contratual necessário à contratação da empreitada “IC2/EN1 – Beneficiação entre Asseiceira (KM 65+200) e Freires (KM 85+500)”, pelo valor de 7,5 milhões de euros, que, na altura, foi distribuída pelos anos de 2016 (1,15 milhões de euros) e 2017 (6,35 milhões de euros).
O lançamento do concurso voltou a estar previsto até ao final de 2018, com previsão do início da empreitada no segundo semestre de 2019, “condicionado, todavia, à obtenção da autorização de encargos plurianuais, solicitada em agosto”, como admitiu a empresa na resposta a uma questão do município de Rio Maior.
Em julho de 2019, nas vésperas do protesto, a IP afirmou estar previsto o lançamento do concurso público da empreitada de beneficiação do troço do IC2 entre Asseiceira (Rio Maior) e Freires (Alcobaça) ainda durante o ano de 2019.
No passado dia 19 de fevereiro, a IP anunciou para este mês o lançamento do concurso público para a empreitada de requalificação do IC2/EN1 entre o nó da Asseiceira e a zona urbana de Freires, no valor de 7,5 milhões de euros e com um prazo de execução de 450 dias.
Em comunicado, a Infraestruturas de Portugal afirmou que a intervenção vai abranger um troço com uma extensão total de 20,3 quilómetros, entre o quilómetro 65,2, e o quilómetro 85,5, que atravessa os concelhos de Rio Maior e Alcobaça, nos distritos de Santarém e Leiria, respetivamente.
A empresa tem afirmado que, enquanto a empreitada não avança, tem vindo “a promover a realização de trabalhos pontuais de conservação do pavimento no âmbito do Contrato de Conservação Corrente, de forma a mitigar os problemas de sinistralidade que ali se têm registado”.
Já hoje foi publicada em Diário da República uma portaria que autoriza a IP a proceder à repartição de encargos para a beneficiação do troço entre Asseiceira e Freires.