18%
A prevalência deve rondar os 18%, mas não está ainda bem definida e a incidência (novos casos) e remissão ainda menos. Pelo menos 30% das mulheres grávidas e 20% das mulheres que tiveram um parto via baixa têm este tipo de problemas.
Porque é que algumas mulheres sofrem de incontinência urinária após o parto?
Porque a gravidez e o parto por via baixa causam uma distensão importante dos ligamentos de suporte e do pavimento pélvico (PP). Sabemos hoje que existe uma predisposição genética para a incontinência urinária (IU). Sabemos também que o risco de ter IU no pós-parto aumenta nas mulheres que já tinham IU antes ou no inicio da gravidez.
Em que é que se traduz?
Na maior parte dos casos trata-se de uma perda de urina que surge concomitante com o esforço (IUE). Podem ser algumas gotas ou um jato. Surgem ao tossir, saltar, correr, gritar. Quando falamos de incontinência, não falamos em usar fralda, mas apenas em perder urina. A gravidade é classificada segundo as suas consequências: necessidade de mudar de roupa, usar penso, número de perdas por dia, por semana… Mas também pode ser uma perda de urina que surge associada a uma vontade urgente e que a mulher não consegue adiar e que se chama incontinência urinária de urgência (IUU).
Pode ser um problema apenas passageiro?
Sim. Cerca de 1/3 cura-se espontaneamente entre 12 e 18 meses após o parto. A evolução espontânea da IU mostra que ela persiste no pós-parto em cerca de 30% daquelas mulheres que já tinham este problema antes da gravidez e em 16% das que não tinham esse problema na gravidez.
É possível prevenir?
Para reduzir o risco de IU, poderemos diminuir algumas manobras durante o trabalho de parto (induções do trabalho de parto e a expressão abdominal), bem como pensar em fazer um bom despiste das situações antenatais e introduzir a reabilitação do pavimento pélvico (RPP) antenatal. A RPP do pós-parto não deve começar antes da 8ª semana após o parto. Evitar os exercícios abdominais e o regresso ao trabalho exigente em termos de aumento de pressão abdominal, sem antes ter tratado o períneo. De salientar a importância de despiste desta IU, na nulípara, durante a gravidez ou na consulta de revisão do parto para ensino da contração do períneo e a orientação para RPP das que têm IUE.
Como tratar?
Para definir a estratégia terapêutica, é necessário perceber o problema, ouvir a mulher, examiná-la (médico assistente ou obstetra) para fazer uma avaliação manual (toque vaginal), da capacidade que ela tem para contrair os músculos do PP e explicar como fazer.
A recuperação é total?
As diferentes técnicas usadas na RPP permitem curar a IUE em 30 a 50% dos casos ou obter uma melhoria em 60 a 90%. Não basta dizer à mulher para contrair o períneo sem lhe explicar como e quais são o músculos a usar. Muitas são incapazes de o fazer. É preciso saber contrair, manter a contração durante o esforço e mesmo antecipar a contração ao esforço. Depois de saber utilizar os seus músculos é preciso manter um treino diário, utilizar a aprendizagem no dia a dia e de modo regular, para que os efeitos sejam duradouros. Como músculos estriados que são, necessitam de um trabalho regular e repetitivo, para não perder a hipertrofia muscular conseguida com a RPP.
Em que casos é aconselhada a cirurgia?
A cirurgia não tem qualquer indicação no pós-parto imediato. Essa hipótese deve ser avaliada à distância dos partos e só depois de a mulher ter a certeza que não quer ter mais filhos.
(Artigo publicado originalmente no Diretório de Saúde 2019 do RL)