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Lucille Nogueira gostou de Portugal e deixou o seu país. Por cá, tornou-se uma referência no ensino do francês. Era mais conhecida por “Madame” do que pelo seu nome próprio. O funeral realizou-se este domingo no crematório de Leiria.
Lucille Haran Nogueira – por muitos conhecida como Madame Lucille – chegou a Leiria em 1966, para ensinar francês na Alliance Française, associação que dirigiu até 1999. Hoje, recorda com carinho as várias gerações de alunos que se sentaram na sua sala de aula, e, com humor, a sua vida.
Natural da Bretanha, Lucille Haran viveu a sua infância em Le Mans e em Paris, onde estudou ciências económicas. Ainda não acabara o curso quando começou a dar aulas de francês para estrangeiros na escola Berlitz, que já então adotava um método “muito particular e eficaz”.
Nunca recorrendo a traduções, usava por vezes o desenho ou a mímica para se fazer entender mesmo quando, numa mesma turma, juntou 12 alunos de 12 nacionalidades diferentes que não entendiam uma palavra do que dizia. “Descobri que gostava mais de dar aulas do que trabalhar num escritório”.
A vida de Lucille voltou a mudar de rumo quando decidiu escapar a um longo inverno cinzento e passar férias, com a mãe, na Praia do Pedrógão, em 1962, onde encontrou o futuro marido.
Recorda o dia em que chegou a Monte Redondo de comboio e apanhou um táxi. “Para nós era o fim do mundo: só se viam carroças com burros”, sorri. De regresso a França, onde a filha nasceu, esperou pelo marido, então funcionário da Junta Autónoma de Estradas, que conseguiu um passaporte após um pedido da mãe a Salazar.
Mas a vida stressante de Paris levou-os a uma nova mudança quando o lugar de professora da Alliance Française, em Leiria, ficou disponível. A sorte sorriu-lhes novamente quando o apartamento situado por cima da instituição ficou vago. “Gostei da calma, da tranquilidade e da boa disposição das pessoas.
Fui muito bem acolhida”, conta Lucille Nogueira, ela que, afirmando-se francesa, confessa que Portugal é o seu país. Com uma memória a toda a prova, desfia um sem-número de recordações, como o dia em que foi o centro das atenções ao ir sem o marido ao cinema, ou outro em que não deixou entrar em casa três homens que se diziam da Pide.
Artigo publicado na edição de 19 de fevereiro de 2015 do REGIÃO DE LEIRIA
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