
Coisa simples em Família para iluminar os tempos intensos e conturbados do recolhimento.

E agora? É no hospital que todos depositam a esperança da cura, de prolongar a vida, mas também o hospital foi atingido pelo maldito vírus. Um enfermeiro foi atingido pelo inimigo invisível e conviveu com muitos profissionais de saúde e todos foram colocados em vigilância activa, ou seja, irão realizar análises para ver se apanharam coronavírus e até lá estão afastados de funções. Até lá uma senhora de máscara e perdida no vazio guarda a porta do hospital de Peniche, o local que todos procuram em caso de doença.

Covid-19, em tratamentos no IPO, sem visitas e sem sair do quarto mas com a alegria e profissionalismo de quem trabalha todos os dias para o bem-estar de todos.

A natureza obrigou-nos a parar no tempo e a olhá-la nos olhos com outra perspectiva.

Momentaneamente Leiria perdeu cor, brilho, som e até vida.
Sonho com o dia em que voltará tudo à normalidade em Leiria.

Que tudo isto esteja só de passagem e que um dia se torne apenas uma miragem.

Acabei por fazer o trabalho a partir do meu terraço onde via e ouvia as crianças da Escola Branca e agora não vejo nem ouço nada. Esse silêncio é um pouco estranho.

A solidão aliada ao distanciamento social pode ser devastadora.

Estranhos dias estes… Vivemos uma vida a correr mas a ameaça não nos deixa andar
longe de casa. Deixámos de partilhar as coisas e deixámos de dar abraços. Tudo
contagia, alertam. Agora somos todos mais um número nesta multidão virtual mas que
não se conhece para lá das pequenas janelas. A toda a hora apontam-se dedos e
trocam-se culpas. Aprende-se tanto e tão pouco…
Tenho sorte. Ao contrário de muitos, ainda vou tendo trabalho. Nas minhas fotografias
ainda se trocam beijos e abraços. Há carinho e partilha. Há boa vizinhança. E há
histórias. Assim, os meus dias à janela não custam tanto a passar.
Mas também sinto falta do meu mundo lá fora. Do burburinho das pessoas. E das
pessoas. Tenho saudades dos abraços. Das amizades. Dos cafés na esplanada e da tinta
largada nos dedos pelo papel do jornal e da revista. Da garrafa de vinho bebida à
conversa sem o tempo contado. Da liberdade que me tira de casa. Moro no rés-do-
chão e os abraços ainda não chegam cá. Mas deixo a janela aberta.

Uma segunda-feira de chuva, um homem observa o obituário numa rua de Leiria.
Todos sabemos que quem anda à chuva molha-se, é melhor ficar em casa!

Dias com banda-sonora.

No local onde criámos um “ginásio” improvisado, temos uma janela para a natureza.
A música é alegremente composta pelos pássaros.

Manual de sobrevivência.

Aprender a ser gato… Estar, ficar e ver o tempo a passar.

À procura da ligação certa com os alunos: analógico/digital, livro/virtual, plataforma, ficha….

Nada será como antes, desistir não é opção. Temos de adaptar às circunstâncias com uma atitude positiva. Juntos venceremos!

14 dias, 24/24h de pai e filho, temos partilhado os melhores momentos, e o desafio de equilibrar o trabalho com a atenção, actividades e rotinas dele. Sairemos ainda mais unidos e mais fortes.

Lá fora o perigo espreita…
No puzzle em que a família se reúne e passa o tempo sabemos que todas as peças vão encaixar, apenas temos que as encontrar com paciência.
No exterior o puzzle da Vida esta desencaixado, as peças alteram-se a cada momento, sujeito a precaução, dúvidas e receios.
Viver um dia de cada vez com calma e desejar que tudo se encaixe e termine, assim como o puzzle que a família deseja terminar… um dia destes.