O trabalho foi difícil para cada uma das coralistas, porque não é fácil cantar sozinho, e ainda mais épico se revelou para o maestro, que teve de juntar um puzzle, visual mas sobretudo sonoro, com 30 vozes. Mas valeu a pena: o vídeo do coro Ninfas do Lis em “quarentena” promete dar que ouvir e falar.
Mário Nascimento explica que a ideia surgiu como forma de manter as coralistas em atividade e, sobretudo, para “continuarmos a sentir-nos juntos, apesar da distância forçada”.
Depois de tudo gravado em casa de cada uma, por modo próprio, o maestro demorou uma semana de “horas extraordinárias” à noite a compor e a sincronizar tudo para que o resultado final chegasse à qualidade do vídeo que o grupo partilhou no Youtube.
“É uma experiência muito diferente de estar nos ensaios. Quase todos os elementos do coro partilharam a ideia de que foi muito mais difícil do que parecia, fazer uma boa gravação individual”, conta Mário Nascimento.
Porque, “ao gravar uma e outra vez e escutar as imprecisões rítmicas e as desafinações – que todos fazemos” cada um tem “mais consciência daquilo que cantam e o que podem fazer para melhorar”.
Já o trabalho do maestro, empenhado enquanto editor de vídeo e de som, foi “muito trabalhosa”, porque implicou investigar como manipular tantos vídeos ao mesmo tempo, gravados por cada uma das coralistas. “O áudio foi trabalhado à parte da imagem e só no final se sincronizou tudo”.
O resultado, assume Mário Nascimento, deixou todos “muito felizes”, num tempo em que o grupo de Leiria acusa a interrupção dos ensaios, devido à pandemia de Covid-19:
“Quem costuma cantar em coro sente muito a falta dos ensaios, de fazer música em conjunto”.
Esta versão especial de “Baba Yetu”, de Christopher Tin, ameniza, assim, “esta sensação estranha e preocupante que todos estamos a viver”.