A cidade não está deserta nem vedada e a presença da GNR, espalhada por pontos estratégicos de Fátima neste fim de semana, vésperas de 13 de maio, é bastante discreta.
No domingo, 10 de maio, chamava a atenção o movimento de ciclistas e caminhantes, sobretudo pela avenida Dom José Alves Correia da Silva. As grandes peregrinações a pé, tradicionais por esta altura do ano, são inexistentes.
Firmino Vital veio de bicicleta do Entroncamento neste domingo. Tem por hábito, uma vez por mês, fazer a viagem até Fátima, algo que não tem podido cumprir nos últimos dois meses, devido ao confinamento. Por isso, este domingo, fez-se à estrada.
Não viu peregrinos a pé, apenas vários ciclistas como ele a fazer o mesmo trajeto. Ao chegar à cidade ainda avistou a GNR e chegou a cumprimentar o guarda, mas ninguém o mandou voltar para trás. Não concorda com as restrições colocadas ao 13 de maio e acredita que se poderia ter encontrado outra solução. “Revolto-me um pouco com isto”, confessa.
Pela cidade circulavam sobretudo ciclistas e caminhantes em recreio, por vezes famílias completas. Mas as poucas lojas abertas, com exceção da padaria Heleno em que se fazia fila na rua para entrar à vez, estavam vazias e os proprietários manifestavam poucas expectativas de negócio.
No Santuário de Fátima já estão montadas as grades nas traseiras da Basílica da Santíssima Trindade que vão bloquear a única entrada livre existente no recinto, mas o acesso continuava aberto neste fim de semana. Na capelinha das aparições viam-se pessoas com máscara e quem rezava procurava manter a distância de segurança.
Fernando Pereira, da Póvoa do Varzim, chegava a Fátima acompanhado por um colega. Foi o único peregrino a pé que o nosso jornal encontrou. Veio cumprir a mesma promessa que realiza todos os anos, há 27 anos. Sem um grande grupo a acompanhar e uns dias antes da peregrinação aniversária, esperava poder chegar ao Santuário de Fátima, mas garantiu que iria cumprir as restrições que lhe fossem impostas. “A fé move montanhas”, afirmou.
O REGIÃO DE LEIRIA procurou falar com um porta-voz da GNR para um ponto de situação sobre o bloqueio às peregrinação à cidade religiosa, mas foi informado que este domingo não estavam autorizadas declarações à comunicação social. A informação oficial indica que até ao 13 de maio vão estar na estrada 3500 militares a restringir o acesso de peregrinos à cidade religiosa.
Texto e fotos: Cláudia Gameiro
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