Surpreendeu tudo e todos ao anunciar o primeiro espetáculo drive-in em Portugal. A 5 de junho, no recinto do seu Estúdio 33, em Ansião, Luís de Matos vai mostrar que não há muralhas intransponíveis quando a “necessidade de respirar” é muita. “Fazer espetáculos é uma espécie de oxigénio para uma pessoa como eu nem que seja debaixo de água”, disse ao REGIÃO DE LEIRIA.
O espectáculo “Luís de Matos Drive-In”, anunciado para 5 de Junho, esgotou nas primeiras 24 horas e novas sessões extra estão agora a ser programadas para todo o mês de Junho. Este “one man show” é interativo e planeado para acontecer no parque de estacionamento do seu estúdio, no Parque Empresarial do Camporês, em Ansião.
O espetáculo terá na tecnologia um dos seus maiores aliados, ao permitir que as famílias cheguem, sintonizem a frequência de rádio indicada, participem e regressem a casa sem terem saído da viatura.
O segundo aliado é a capacidade de reinvenção do ilusionista com origens em Ansião. “Tenho feito sempre isso”, confessa, explicando que foi essa a postura que o levou a inaugurar um estádio com magia, a atuar num teatro nacional e a arriscar-se no meio subaquático.
Desta vez, porém, Luís de Matos admite que o desafio é maior, atendendo, sobretudo, às principais características das suas atuações: o contacto e a interatividade. Adianta que esses elementos terão de estar, de alguma forma, refletidos no que vai acontecer a 5 de junho. Sublinha que tudo está a ser equacionado “no sentido de que a experiência seja altamente intensa e possa compensar tudo o resto”. Em vez de palmas, ouvir-se-ão buzinas e ver-se-ão máximos ligados. “Se calhar à entrada, a pessoa abre uma fresta do vidro, nós passamos um envelope devidamente desinfetado e, no seu interior, encontram elementos através dos quais podem sentir a magia a acontecer nas suas mãos”, explica.
Ao mágico agrada-lhe ver que esta solução pode “trazer felicidade aos dois lados da equação”. Por um lado, permite reativar um sector da sociedade que foi o primeiro a parar e será dos últimos a retomar. Por outro, devolve aos espectadores alguma aproximação social sem pôr em causa o distanciamento físico. “Andamos há milénios a perceber que parte da nossa saúde mental passa também pelo prazer que nos concede essa circunstância em que nos sentamos, a luz se apaga e o sonho se materializa no palco”, refere.
“Não é possível viver sem isso”, entende Luís de Matos, mas acredita que o regresso ao paradigma antigo vai ser lento. “Emocionalmente, quando é que as pessoas estarão preparadas para se sentarem ao lado de um desconhecido a bater palmas, a rir, a suspirar, a chorar e a emocionarem-se?”.
No lento regresso à normalidade, o formato drive-in pode ser “um meio-termo entre aquilo a que nos habituámos e aquilo que não temos de todo”. Reconhece que “não é a galinha dos ovos de ouro, mas é a galinha dos ovos numa altura em que não há ovos”. Diz-se ainda “muito feliz” se esta sua ideia puder inspirar outros projetos e o seu Estúdio 33 ajudar a materializá-los.