A Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) entregou ao Governo um documento para garantir uma região “mais segura” e com mais pessoas, com propostas que vão da floresta às telecomunicações.
A AVIPG entregou, na sexta-feira, um documento, denominado “Missão Fenix”, à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, com um conjunto de propostas que pretendem servir como “base de trabalho” para a execução e definição de medidas para o Pinhal Interior, região fortemente afetada pelo grande incêndio de Pedrógão Grande, afirmou à agência Lusa a presidente da associação, Dina Duarte.
O documento apresenta propostas em diversas áreas, como a floresta, a prevenção de incêndios, combate ao despovoamento, transportes, turismo ou telecomunicações.
Para Dina Duarte, o trabalho na área da limpeza das faixas de gestão e uma reflorestação em que se pense o território, “não em torno de uma espécie dominante, mas de uma floresta biodiversa”, é fundamental, até pela sensação de segurança que pode trazer aos que moram nos concelhos e aos que possam querer mudar-se para o interior.
O reforço da cobertura fixa e móvel e a instalação de fibra ótica é também uma das questões mais urgentes, vincou a presidente da AVIPG, considerando que uma melhoria nas telecomunicações “pode abrir portas ao teletrabalho e pode vir um novo tipo de pessoas para o território”.
“É preciso combater o despovoamento, para as pessoas saírem das cidades e terem para onde ir com segurança e com condições. Caso contrário, continuamos sempre a perder. Sem termos um combate ao despovoamento, nunca vamos conseguir que o território deixe de perder pessoas”, realçou.
No campo da floresta, a AVIPG defende a conclusão do cadastro de terrenos florestais, o apoio público de ações de limpeza a proprietários particulares ou a reflorestação com espécies autóctones junto a áreas habitacionais e estradas.
Já na prevenção de incêndios, a associação propõe a implementação de sistemas de aspersão automáticos em pontos críticos como estradas e aldeias, expansão dos abrigos coletivos, aumento do número de bombeiros profissionais nos concelhos com grande risco de incêndio e reforço de ações pedagógicas junto da população, entre outras.
Na área do combate ao despovoamento, a AVIPG propõe um cheque de 7.000 euros por ano para trabalhadores residentes há mais de cinco anos no concelho, isenção integral de impostos e TSU (Taxa Social Única) durante dez anos para novas empresas com mais de dez postos de trabalho, criação de uma unidade móvel de saúde por concelho ou o fim das portagens na A13 e A23.
A AVIPG defende ainda a criação de uma Escola Técnica Nacional de formação de bombeiros na região, desenvolvimento de um grande evento nacional de desportos de rio, apoio à reabilitação das aldeias ou a classificação da Serra da Lousã como Parque de Reserva Natural.
Segundo a responsável, as propostas são uma espécie de “linhas mestras”, tendo sido apresentadas na sexta-feira, numa reunião na sede da AVIPG, em que participou a ministra, autarcas e agentes locais dos concelhos mais afetados pelo incêndio.