Foi numa das idas à praia de Peniche de Cima para fazer bodyboard, que Manuel e Lídia Nascimento se depararam com um saco preto degradado enterrado na areia. “Fomos escavando e encontrando cada vez mais lixo armazenado num buraco nas dunas. Escavámos cerca de 62 cm em profundidade”, conta Manuel Nascimento ao REGIÃO DE LEIRIA.
No total, o casal pesou mais de 40 quilos, desde embalagens de Capri-Sonne e outros sumos a iogurtes, garrafas de Coca-Cola, Pepsi-Cola e Fanta, protetores solares, creme Nívea, uma seringa, ossos de frango e outros restos de comida. Os rótulos dos produtos, ainda visíveis, confirmam a pertença ao ano de 1987.
Os valores da pesagem foram enviados para a fundação Oceano Azul e os objetos colocados no contentor de lixo indiferenciado, por não ser reciclável devido ao elevado nível de contaminação.
Em conversa com o REGIÃO DE LEIRIA, Manuel dá uma possível explicação para a existência desse lixo nas dunas desde a década de 80. “Acredito que o lixo tenha estado nas dunas durante estes anos todos, porque na altura fazia-se muito campismo selvagem e as pessoas deixavam o lixo nas praias, pela falta de caixotes de lixo e ausência de consciência ambiental”.
Salienta que há muito lixo nas praias, quer seja deixado pelas pessoas, quer seja descarregado no oceano por barcos e trazido pelas marés.
Há cerca de um ano, o casal criou a página de Facebook “Mar à Deriva – Adrift Sea”, com o intuito de mostrar às pessoas aquilo que encontram nas ações de recolha de lixo pelas praias. Manuel afirma ter como objetivo “criar uma corrente de sensibilização sobre a poluição dos oceanos e dos areais”, enfatizando que “a prática de apanhar lixo é um esforço muito pequeno e fácil de se realizar”.
A página tem tido cada vez mais visualizações e partilhas desde o último mês. As ações de recolha de lixo realizadas pelo casal são diárias, mostrando fotos e vídeos alusivos às quantidades de lixo recolhidas.