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Ambiente

Solução para o ambiente em Leiria “ou vai a bem ou vai a mal”

O segundo “Debate Leiria 2030” foi dedicado ao desenvolvimento sustentável e ambiente, um problema que, por via da poluição provocada pelas suiniculturas, é uma “mancha no currículo” de Leiria.

“Leiria tem esta mancha no seu currículo, chamada suiniculturas”, afirma o coordenador da estratégia Leiria 2030, Carlos André Foto: Joaquim Dâmaso

Os problemas ambientais que há décadas prejudicam a qualidade de vida e a imagem de Leiria são uma prioridade para o município e a solução “ou vai a bem ou vai a mal”, prometeu hoje, 9 de setembro, a vereadora do Ambiente.

No final do segundo “Debate Leiria 2030”, dedicado a “Os desafios do futuro: ambiente e desenvolvimento sustentável”, Ana Esperança considerou que o ambiente “está na ordem do dia porque já não temos outra hipótese”.

A vereadora, que é formada em biologia e que coordena o pelouro desde 2017, assumiu “muitas dificuldades” do município em resolver o problema, nomeadamente “em sentar à mesma mesa a agricultura, o ambiente e a economia – as suiniculturas”.

“Temos todas as condições para isso [resolver o problema da poluição das suiniculturas]. Mas já senti que ‘morremos na praia’ várias vezes”. Contudo, “desta vez tenho quase a convicção que não vamos morrer”.  

“É possível resolver o problema”, disse Ana Esperança, lembrando que “a ‘roda’ está inventada, já sabemos o que há a fazer”, mas “faltam aqui pontes” e “a câmara e as autarquias podem ser esse elo de ligação”. 

“O nosso foco é o ambiente. Ou vai a bem ou vai a mal”, rematou a vereadora do Ambiente. 

O debate, iniciativa da estratégia Leiria 2030 com organização do REGIÃO DE LEIRIA, decorreu na associação Nerlei, com transmissão online, e contou com a socióloga e investigadora Luísa Schmidt e o biólogo e ambientalista José Manuel Alho como convidados.

“Leiria significa poluição e recursos hídricos contaminados”, lembrou José Alho, sobre a imagem que a cidade e região continuam a ter a nível nacional.

Para o ambientalista, “o que falta é haver uma atitude implacável das autoridades”, com intervenção que “terminasse uma vez por todas com esta situação”.

“Perdemos dois quadros comunitários sem conseguirmos resolver o problema” da poluição pelas suiniculturas, lamentou Luísa Schmidt.

“Temos tudo nas mãos para resolver, é um objetivo prioritário! Não há nenhuma razão para continuar. É um dos únicos sítios no país onde isto continua!”, frisou. 

Os dois convidados afastaram a ideia de transformação da Base Aérea de Monte Real para a aviação civil e defenderam que a “bazuca” de apoios europeus anunciada seja encaminhada para a ferrovia.

“Todas as capitais de distrito deviam estar ligadas por comboio. Não é aceitável que continue esta situação”, afirmou a investigadora. José Alho diz que requalificar a Linha do Oeste não chega, sustentando a ligação da mesma à Linha do Norte para “colocar Leiria dentro do principal eixo ferroviário nacional”.

No final, o coordenador da estratégia Leiria 2030, Carlos André, defendeu que o ambiente é “uma das áreas estratégicas mais importantes para o futuro” e considerou que, do debate, saiu “a consciência clara de que Leiria é, em si mesma, um paradoxo”:

“É um concelho com fortíssimo desenvolvimento económico, a sua marca é a economia, mas tem esta mancha no seu currículo, chamada suiniculturas”.

Para Carlos André, Leiria tem também outros problemas, decorrentes de “um desenvolvimento económico que nunca pensou numa realidade”: “O facto de Leiria ser um concelho que se estrutura em mais de metade, da sua população e da sua área, em torno dos rios Lis e Lena”. 

E, a partir dos dois rios, exemplificou: “O Lis e o Lena encontram-se a centenas de metros do ponto onde estamos. Mas ninguém tem consciência disso em Leiria, da riqueza que isso possa significar”.

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