30%
A enxaqueca é mais frequente na mulher que no homem numa proporção de 3:1. A prevalência é mais elevada na mulher entre os 20 e os 50 anos, 15% a 30% coincidindo com a idade reprodutiva.
A intensidade é apenas o que distingue a enxaqueca de uma “simples” dor de cabeça?
Não. A enxaqueca tem características próprias que a distinguem das outras cefaleias. A intensidade da dor é habitualmente moderada a severa, a dor é caracteristicamente unilateral e pulsátil, associa-se frequentemente a náuseas e/ou vómitos e a fotofobia e/ou fonofobia. É agravada por atividade física de rotina. Existem enxaquecas com aura e sem aura. A aura caracteriza-se por sintomas neurológicos que aparecem até uma hora antes da cefaleia e que duram entre 10 a 30 minutos. As características da cefaleia são semelhantes à da enxaqueca sem aura.
O que pode desencadear crises?
Na fisiopatologia da enxaqueca participam fatores genéticos e ambientais. Nem sempre se conseguem encontrar fatores que desencadeiem as crises. É importante que os portadores de enxaqueca identifiquem os fatores que individualmente os predispõem para as crises. No que respeita à dieta apenas o álcool e o glutamato monossódico estão identificados como fatores desencadeantes.
A enxaqueca com aura em mulheres jovens é fator de risco independente para AVC, este risco aumenta de forma considerável se associado ao tabagismo e ao uso de contracetivos orais combinados contendo estrogénios. Mulheres que sofram de enxaqueca com aura e que apresentem outros fatores de rico de AVC não devem tomar contracetivos orais combinados, nem devem fumar”.
Que sintomas podem surgir com a enxaqueca?
A intolerância à luz e ao ruído, as náuseas e os vómitos, agravamento da dor com atividade física de rotina. Na enxaqueca com aura, durante a aura que precede a cefaleia podem ocorrer alterações visuais, alterações sensitivas ou alterações da linguagem.
Quanto tempo pode durar uma crise?
As crises típicas têm duração superior a quatro horas e inferior a 72 horas (três dias).
Tomar analgésicos pode ser suficiente para aliviar a dor?
Pode ser suficiente em muitos doentes. Por vezes é vantajoso associar um medicamento antiemético ao tratamento analgésico. A medicação para ser mais eficaz deve ser tomada logo que a cefaleia se inicia.
Que outras medidas tomar?
Numa crise intensa, para além da medicação, poderá ajudar o repouso ou sono no leito, em ambiente escuro e sem ruído ambiente.
É possível prevenir?
Frequentemente é impossível prever ou evitar a crise de enxaqueca. Os indivíduos que conseguem identificar fatores desencadeantes poderão por vezes controlá-los (por exemplo não dormir de mais nem de menos, evitar passar várias horas sem comer, etc.). Quando as crises são muito frequentes e/ou intensas causando incapacidade, pode ser necessário instituir medicação profilática. Nessa altura deve-se procurar apoio especializado.
Depois de uma enxaqueca, haverá sempre outra?
Sim. O diagnóstico de enxaqueca baseia-se na ocorrência de episódios recorrentes de cefaleias com características de enxaqueca.
Quando se deve recorrer ao médico?
Quando há um agravamento da intensidade e frequência das crises sem causa aparente; quando as características da enxaqueca se alteram (passa a ser diferente do habitual); quando surge pela primeira vez depois dos 50 anos; quando se associa a outros sintomas ou sinais neurológicos; quando quer pela intensidade quer pela frequência das crises há necessidade de se instituir um tratamento profilático.
(Artigo publicado originalmente no Diretório de Saúde 2018 do RL)