O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) tem vindo a detetar mariolas em áreas protegidas e afirma estar a desenvolver esforços para impedir essa prática, já que não existem restrições legais.
Questionado pela agência Lusa sobre a generalização desta prática de empilhar pedras na natureza (originalmente para identificar trilhos em situações de condições meteorológicas adversas ou em locais sem cobertura de GPS), o ICNF respondeu que “estão a ser analisadas” várias situações a nível nacional, dando prioridade a áreas protegidas, áreas classificadas ou abrangidas pela Rede Natura 2000.
De acordo com a mesma entidade, “esta situação não tem enquadramento legal atualmente”, pelo que não pode aplicar coimas e está, por isso, “a desenvolver ações com vista a ser encontrada uma solução”.
Em agosto, a Associação Ambientalista Arméria alertou para a colocação de mariolas na zona da Papôa, em Peniche, e defendeu a colocação de sinalética e vigilância para impedir a prática.
O ICNF já “teve conhecimento da situação e está atualmente a registar e a analisar as ocorrências em diferentes locais” deste concelho do distrito de Leiria.
Para a associação Arméria, em causa está uma “séria ameaça ao património” geológico.
As mariolas “descaracterizam e danificam o conteúdo litológico deste santuário natural, um sítio de interesse geológico alvo de ataques permanentes”, referiu a associação numa carta aberta, em que defendeu “uma posição firme das entidades responsáveis, com colocação de sinalética explicando os efeitos nefastos desta prática, proibindo a sua realização e indicando os valores das coimas associadas”.
As entidades responsáveis deverão ainda, no entender no movimento, “vigiar e deixar claro que estas ações são expressamente proibidas”, tanto mais que o litoral de Peniche é considerado “um local de importância internacional”, em especial a península da Papôa, integrada na Reserva da Biosfera das Berlengas (definida pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e na Rede Natura 2000.
“Se este tipo de comportamentos criminosos continuarem, o processo de criação de um geoparque do Oeste poderá igualmente ficar em risco”, alertou.
O movimento, que nos últimos anos tem alertado para os perigos da “moda” das mariolas, concluiu que se não forem tomadas medidas este espaço natural “ficará irremediavelmente adulterado”, destruindo-se “um recurso turístico de grande importância, não renovável e enquadrado sob várias formas de proteção”.
A Arméria – Movimento Ambientalista de Peniche é uma associação fundada em 1999, dedicada à preservação do património ambiental, bem como à realização de ações de educação ambiental para a comunidade local e visitantes do concelho.