Nos meses do verão, o grupo Aves da Batalha e a Associação PATO, nas Caldas da Rainha, lançaram o desafio de descobrir um escaravelho especial na região.
O vaca-ruiva tem tons muito escuros, entre 3 e 4,5 cm de comprimento e umas mandibulas em forma de pinça que o distinguem de outras espécies. O Lucanus barbarossa (vaca-ruiva) só pode ser avistado, na sua fase adulta, em julho, agosto e setembro e a região centro é a zona do país onde ele estará mais concentrado.
O desafio insere-se no projeto de ciência cidadã Vaca Loura que pretende conhecer a distribuição e estado das populações das espécies da família Lucanidae, da qual fazem parte os escaravelhos vaca-ruiva e vaca-loura.
Para isso, existe uma plataforma digital que permite a qualquer cidadão registar o avistamento da espécie. Este ano foram inseridos mais de cem registos na zona centro, num total de 162 em todo o país.
O responsável no grupo Aves da Batalha, João Tomás, considera que a iniciativa “está a correr muito bem”. O projeto Vaca Loura contava, até 2020, apenas com entidades parceiras do norte do país, mas o contacto com as associações da região de Leiria ajudou a expandir o projeto.
João Tomás explica que, na Batalha, “já havia pessoas no campo, que conhecem a espécie, e agora passaram a estar mais atentas, tiram fotografia e registam” na plataforma do projeto.
O interesse das pessoas levou os responsáveis do grupo a criar uma “rede de amigos da vaca-ruiva na Batalha” que atingiu os 30 membros. O grupo organizou saídas para observação do escaravelho, algumas nas Grutas da Moeda, em São Mamede, que se revelou um “ponto de encontro das vacas-ruivas”.
Tânia Jordão foi uma das cidadãs que aceitou o desafio e confessa que a visão que tinha do animal mudou: “aquele insecto repugnante de repente passou a ser muito desejado e procurado”.
Residente em São Mamede, considera-se uma “pessoa preocupada com a conservação das espécies”, característica que a motiva a participar em iniciativas como a do Aves da Batalha. “O planeta é só um, por isso temos de fazer o melhor para cuidar dele”, remata.
O projeto Vaca Loura tem coordenação da Associação Bioliving, em parceria com a Unidade de Vida Selvagem do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, Sociedade Portuguesa de Entomologia e Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).