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Cultura

Sandrine Cordeiro: “Estava longe de imaginar que ‘Florbela’ sairia, finalmente, da gaveta”

A visita a um cemitério foi o gatilho para o processo criativo. Um exercício iniciado há oito anos que, este mês, resulta no lançamento do primeiro romance da autora de Leiria.

O romance “Florbela” custa 12,5 euros e pode ser reservado através do e-mail minimalista.editora@gmail.com

Artista plástica, encenadora, atriz, realizadora, professora, Sandrine Cordeiro lança o primeiro romance pela editora Minimalista este mês de setembro. “Florbela”, história de encontros e desencontros, é também um convite ao questionamento. A autora respondeu ao REGIÃO DE LEIRIA sobre o livro de estreia e também a propósito da participação na fundação da nova editora independente.

Qual é a história de “Florbela”?
“Florbela” é o meu primeiro romance. Apesar de o ter iniciado há cerca de oito anos, surge agora a sua edição em livro no âmbito do projeto editorial Minimalista. É uma história de mistério que envolve a descoberta de um livro debaixo de um cadeirão, colocando mãe e filha, em espaços e tempos distintos. Uma história de encontros e desencontros, em que o nome “Florbela” teima em surgir.
Esta história surgiu após uma visita ao cemitério do Alto de São João [em Lisboa]; fui assaltada pelas palavras e pela necessidade de escrever um pequeno parágrafo, que acabou por ser o que abre o livro. As personagens e a sua relação foram surgindo ao longo do processo de escrita que em nada têm a ver com essa visita. Tratou-se, apenas, de um gatilho para o processo criativo.  

A quem se dirige o romance?
Dirige-se a um público adulto. É de leitura acessível e sem pretensões de transmitir qualquer tipo de moralismo. Cada leitor poderá identificar-se em algum momento, questionar-se para além da trama. Creio que a arte deve possuir sempre um elemento desassossegador, que induza à reflexão e ao questionamento; que seja um ponto de partida para o leitor, e não apenas um ponto de chegada.  

O minimalismo gráfico com que o livro nos é apresentado tem a ver com a história?
O conceito da Minimalista, no que concerne o grafismo é, tal como o nome indica, ser simples e, ainda assim, apelativo. Os responsáveis pela parte gráfica são três elementos da editora que trabalham em articulação com os escritores. O logotipo é da autoria de Sónia Silva, o grafismo e paginação estão a cargo de Licínio Florêncio e as ilustrações originais são de Maraia. Todos os livros editados seguirão esta linha gráfica.

“Florbela” terá alguma apresentação pública?
Não está prevista uma apresentação pública do livro, assim como também não houve para o “Aviões de Papel” de Paulo Kellerman. A situação em que vivemos levou-nos a optar, neste momento, por lançar os livros apenas nas nossas plataformas; mas claro que também podem ser encontrados em livrarias. O próximo livro da Minimalista, previsto para final de novembro, será uma antologia de contos que reunirá o trabalho dos doze escritores que fazem parte do projeto e poderá ter uma apresentação pública.

“Esta história surgiu após uma visita ao cemitério do Alto de São João; fui assaltada pelas palavras e pela necessidade de escrever um pequeno parágrafo”

Sandrine Cordeiro

Como está a ser esta aventura na Minimalista? 
Está a ser incrível! O princípio da Minimalista é muito bonito e partiu de uma ideia antiga do Paulo Kellerman: reunir pessoas para criar uma editora independente com livros publicados e sem livros publicados. A ideia foi partilhada com a Mónia Camacho que lhe deu o empurrão que faltava. A ideia de envolver meia dúzia de escritores duplicou, para reunir quinze pessoas (doze escritores e três pessoas do design gráfico e artes plásticas) de lugares diferentes, incluindo o Brasil. A Minimalista não é uma editora de Leiria (apesar de alguns elementos serem de Leiria), a Minimalista é de um espaço muito mais abrangente, de norte a sul do país e que atravessa o Atlântico! 

O que faz de Minimalista um projeto diferente?
O que o torna muito especial é perceber que há um envolvimento e partilha em prol de um objetivo comum por pessoas que não se conhecem todas. Com o lançamento do primeiro livro, “Aviões de Papel” do Paulo Kellerman, criou-se uma dinâmica muito rica entre os elementos da editora e, da editora com os seus leitores. É muito bonita a relação que se criou: os leitores partilham fotografias da receção dos seus livros, manifestam a sua opinião. Embora virtual, é uma relação de grande proximidade e afeto. São, também, convidados fotógrafos para interpretarem frases retiradas do contexto da trama dos livros, o que faz com que o projeto vá muito para além da edição de livros e, tudo isto é partilhado nas nossas páginas de Instagram e Facebook.
O meu envolvimento surgiu a partir do convite para integrar a Minimalista como escritora sem livro publicado. O Paulo Kellerman já conhecia alguns dos meus textos e desafiou-me. “Florbela” foi o primeiro romance que escrevi e, há uns meses, estava longe de imaginar que sairia, finalmente, da gaveta.

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