Não abre para almoços, não tem uma grande fachada a anunciar o espaço e convém reservar. Pode soar custoso sentar à mesa da Tasca da Tinouca, de certo modo escondida no coração da Batalha, mas não é. Uma vez acomodado, a promessa de viver a experiência da cultura tasqueira é garantida, facto que já fazia a casa encher antes da pandemia, e manteve o seu sucesso na fase de reabertura.
O que mudou, então, no restaurante para além da redução de 80 para 40 lugares e mais uma dose de precaução com a higiene? Praticamente nada, avança Jorge Marcelino, o nome que, aos 22 anos, abriu sem qualquer experiência o negócio da restauração e construiu um tempo próprio e fiel de sala e cozinha.
É ele, com apenas mais três pessoas, que compõe o staff de atendimento, bar e comida, sendo esta última área da responsabilidade da autodidata Inês Pereira.
A maior mudança no restaurante, lembra, foi a “interrupção” do ambiente que costumavam ter após o jantar. “Antes entrava aquele ambiente de bar mais calminho”, lembra o jovem agora com 29 anos, sem lamentar os novos tempos. Para ele, o sítio continua a ter bom movimento e segue com a mesma proposta de quando abriu, há seis anos. “É uma casa animada, alegre. Não usamos a questão da formalidade”, define, para quem nunca pisou o espaço.
O elemento da inovação, por outro lado, sempre esteve presente e foi o tempero à parte. Passada a “difícil fase” de escolha do nome – que não homenageia nenhuma figura familiar, como se possa imaginar –, foi a vez de alinhar o conceito que teriam, numa época em que poucas opções havia para os jovens que queriam comer na vila. “O que interessava era ser uma tasca”, recorda Jorge, sobre a premissa base. A partir daí, foi pegar o que é “tradicional” do hábito de petiscar português e apresentá-lo de “várias maneiras”.
Há, claro, os enchidos clássicos que uma “tasca tem sempre que ter”, mas há também uma versão de massa folhada recheada com alheira e espinafres, tal como um pica-pau de vaca com queijo da ilha ou um bacalhau desfiado em molho bechamel e crosta de broa. “Valem pela diferença”, aposta o gerente e proprietário, que muitas vezes participa da dinâmica de ir até à mesa perguntar ao cliente o que lhe apetece.
Se a fome não estiver a condizer com a ementa, há sempre sugestões à parte que, pelo fresco, não fazem sentido serem fixas. É o caso do berbigão, das amêijoas e também dos cortes de costeleta maturada com 21 dias ou do naco da vazia.
Para acompanhar, logo à entrada a vocação para as imperiais anuncia-se através dos dois exemplares de bierdrives instalados na sala, mas a garrafeira, que passeia por todo o país, também funciona como alternativa. Se o pedido for doce, são o petit gâteau, o cheesecake de caramelo salgado e o gelado de oreo, todos feitos na casa, que disputam o “até logo”.
Tasca da Tinouca
Rua D. Filipa de Lencastre, nº 5B, Batalha
Funcionamento Das 16 às 00 horas, exceto à segunda-feira
Preço médio 15-20 euros