O novo ano letivo chegou acompanhado de uma nova dor de cabeça na organização das salas de aula da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), do Politécnico de Leiria.
Tudo porque com a pandemia, as salas têm uma capacidade máxima reduzida e essa condicionante, imposta pelas autoridades de saúde, está a deixar alguns alunos sem possibilidade de assistir presencialmente às aulas práticas.
A situação foi relatada ao REGIÃO DE LEIRIA por vários estudantes do curso de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, referindo que, nas aulas de laboratório de Unidades Curriculares (UC), a turma foi dividida em grupos de três elementos, mas “a cada semana um dos três alunos de cada grupo fica impedido de entrar no laboratório”, de modo a garantir que são cumpridas as medidas de distanciamento recomendadas pelas autoridades de saúde.
“Esta situação decorre em aulas práticas em que a utilização de equipamento especializado é imprescindível para a correta aprendizagem dos conteúdos programados na UC”, adianta um dos estudantes, justificando que o aluno que fica de fora só tem acesso à aula através de videochamada realizada pelos restantes elementos do grupo.
“É uma solução muito arcaica, sendo este um ano letivo diferente de outros, e sendo que os alunos não podem usar os laboratórios fora do horário da aula para desenvolver os seus trabalhos, coisa que acontecia nos anos anteriores”, descreve um dos estudantes.
E se a limitação do acesso às aulas em regime pós-laboral, de forma a reduzir os contactos, é percebida pelos futuros engenheiros, embora justifiquem que a solução passa por criar mais turnos, o mesmo princípio, dizem, não é seguido nas disciplinas de Inglês ou Matemática Geral, quando estudantes de vários anos e cursos distintos se encontram na mesma sala de aula. “A medida de limitação deixou de ser compreensível”, realça um dos jovens, revoltado com a “proibição” de frequentar as aulas.
Fonte do Politécnico de Leiria explica ao REGIÃO DE LEIRIA que “é possível que, na primeira aula de cada UC, possam ter existido casos em que alguns estudantes não tenham podido assistir à aula”, mas que as “situações foram identificadas e corrigidas de imediato”, quer com reagendamento para salas de maior dimensão ou “alterações aos espaços”, mantendo a segurança”.
No entanto, realça que “não há estudantes sem turno atribuído ou sem acesso a qualquer espaço laboratorial” na ESTG e que, “por motivos de segurança, foi encontrada uma solução que permite manter o funcionamento e a experiência da UC, mantendo dois estudantes na bancada do laboratório e o terceiro elemento do grupo a assistir à aula numa sala próxima do laboratório em causa”, mantendo a “rotatividade entre os estudantes”, um modelo “aplicado exclusivamente” à UC desta licenciatura.
Apesar de terem chegado ao REGIÃO DE LEIRIA várias denúncias sobre esta dificuldade de acesso aos tempos letivos, à direção do Politécnico “não foi apresentada qualquer exposição sobre este assunto”.
O IPLeiria acrescenta ainda que “na tentativa de minimizar” os riscos de contágio em disciplinas que têm maior afluência, diminuiu-se o número de agrupamentos e a construção dos horários dessas UC levou essa condição em consideração.
“Estas situações são, por natureza, aquelas que acarretam mais riscos”, justificam, salientando também que, também “neste momento, em particular, permitir a alternância de regimes [diurno e noturno] é colocar em risco toda a comunidade académica”.
Foto de arquivo: Joaquim Dâmaso