Um jovem emigrante português, natural de Porto de Mós, viveu na primeira pessoa momentos de aflição, no final do dia de ontem, em Viena, durante o atentado que aconteceu na capital austríaca e que, até ao momento, fez 17 feridos e cinco mortos.
Daniel Franco estava numa sala de espetáculos quando soube do ataque que teve início próximo à uma sinagoga, liderado por um grupo de homens, um deles simpatizante do Estado Islâmico.
O jovem de Porto de Mós, que se encontra a viver na capital da Aústria, testemunhou a reação da polícia austríaca, nos primeiros momentos, sem saber ainda o que estava a acontecer.
“Hoje foi um filme para a vida”, relata na sua página pessoal de Facebook, onde partilhou várias fotografias do episódio. “Estávamos na sala de concertos quando houve o ataque em Viena, mesmo perto de nós. Ficámos fechados durante umas horas porque não sabiam se havia alguma bomba. Parecia um filme”.
E acrescentou: “Através das janelas víamos as movimentações da polícia e estávamos a ver o que acontecia. Mil pessoas presas dentro da sala de concertos, protegidos pelos serviços secretos e polícia. Saímos escoltados”.
Na publicação, Daniel conta que, naquela altura, ninguém os informou sobre o que se estava a passar e, só duas horas após o ataque, é que ficaram a saber que se tratava de um atentado.
“Nem a polícia sabia o que se estava a passar”, diz, mostrando-se aliviado por ter chegada à casa em segurança.
“A polícia cercou o edifício e tivemos escolta até aos carros. Quem não tinha carro ainda ficou lá para serem levados a casa pois a zona não era segura”, refere. “Felizmente já estamos bem!”.
Ao REGIÃO DE LEIRIA, já hoje, o jovem português relatou que nesta segunda-feira havia muitas pessoas na rua a aproveitar “as últimas horas de liberdade”, visto que era o último dia antes do país iniciar um novo confinamento no âmbito da pandemia de Covid-19.
“Eu e a minha família fomos ver o último concerto clássico, à famosa sala de concerto Wiener Konzerthaus, quando no final (próximo das 22 horas), avisaram-nos que ninguém podia sair. Aí ficámos preocupados, ligámos os telefones e tínhamos imensas chamadas”, contou.
“Mais tarde, pelas notícias, vimos que estávamos na rua na hora do ataque, antes do concerto começar, e aí percebi a sorte que tivemos por não termos sido o alvo”, completou o emigrante, que defende justiça para ações racistas e xenófobas. “Temos de ser tolerantes e acolher quem procura uma vida melhor, como nós, país emigrante que somos, mas punir e dar o exemplo por quem não respeita a nossa liberdade”.
Situação de perigo ainda não passou
Segundo a agência Lusa, o ataque começou com um tiroteio cerca das 20 horas de segunda-feira (19 horas em Lisboa) numa rua central onde fica a sinagoga principal de Viena. A zona é próxima de uma área de bares muito frequentada.
As autoridades montaram um enorme dispositivo de segurança para localizar pelo menos um terrorista que fugiu. Dezenas de agentes das forças especiais e especializadas em ações antiterroristas estão a participar nos esforços de busca, que também inclui o controlo das fronteiras. Na manhã desta terça-feira, a polícia alemã informou que já reforçou o controlo na fronteira com a Áustria.
O Governo austríaco alertou que a situação de perigo ainda não passou, e pediu aos cidadãos para não saírem de casa, a não ser que seja estritamente necessário.
O último ataque em Viena ocorreu em 1985, quando o grupo palestiniano Abu Nidal matou três pessoas e feriu 39 no aeroporto da cidade.
[Notícia atualizada às 12h37 com as declarações ao REGIÃO DE LEIRIA]