Há uma luta em curso contra o mar, muito graças às alterações climáticas. E esta manhã, na Marinha Grande, formalizaram-se duas intervenções que pretendem equilibrar essa luta. Uma delas passa pelo reforço dos molhes do rio Lis, na zona da foz, junto à praia da Vieira. Aí, o reforço desta linha de defesa já está em obra.
O reforço dos molhes norte e sul do rio, numa extensão de aproximadamente mil metros, custa quase milhão e meio de euros.
Em concreto, os 1,472 milhões de euros – com 75% de apoios comunitários – reforçam os molhes que “estavam bastante degradados”, reconheceu Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que esta manhã, presidiu à cerimónia de consignação dos projetos de requalificação do molhe e margens do rio Lis, na Marinha Grande.
A “guerra” com mar foi deixada clara pelo vice-presidente da APA. E o Atlântico já tem resultados para mostrar. Alavancado pelas alterações climáticas, o mar tem vindo a assediar a costa portuguesa. Com cerca de um milhar de quilómetros de fronteira atlântica, o país tem aproximadamente um quarto acossado pelo mar, explicou o responsável.
“Temos cerca de mil quilómetros de costa e cerca de 25% está exposta em risco de erosão e já se perderam o equivalente a 1.200 campos de futebol”. Há locais em que o mar “avançou para terra mais de 150 metros, é uma luta com o mar”, reconheceu.
Na Praia da Vieira, no local onde rio Lis e o mar medem forças, pedras com seis a nove toneladas, movimento de areias, colocação de paliçadas e diversas outras obras, fazem parte da coreografia da intervenção.
Na tarefa quase marcial de travar a ofensiva marítima, a articulação com os municípios é parte da estratégia. Foi o caso. Para além dos molhes, a APA consignou igualmente uma intervenção, com cerca de 11 quilómetros de extensão, de manutenção das margens e do leito do rio Lis.
Da ponte das Tercenas, junto à foz e com vista para o mar, até à ponte de Monte Real, bem dentro do continente, os trabalhos avançam por duas fases durante 15 meses. São 120 mil euros de investimento.
Neste caso, a APA suporta metade do investimento e as câmaras de Leiria e Marinha Grande custeiam o restante – na proporção da intervenção que abrange os respetivos concelhos: cinco quilómetros em Leiria e seis na Marinha Grande.
“São duas empreitadas muito emblemáticas”, sublinhou Pimenta Machado. O número dois da APA deixou ainda a indicação de que para além da intervenção na foz e nas margens, há trabalho em curso, em articulação com as autarquias, para melhorar a qualidade de água do rio Lis.
“Estamos empenhados, de uma vez por todas, em resolver o problema da limpeza do rio Lis”, assegurou.
Antes Cidália Ferreira, presidente da Câmara da Marinha Grande, elogiou o “trabalho exemplar de cooperação” que resultou nestes projetos. E lembrou que foi há cerca de um ano que, noutra reunião, na Marinha Grande, a APA foi alertada para a necessidade de intervir nos molhes do rio. O processo arrancou do zero e agora está a ser concretizado no terreno, enfatizou.
“Temos, infelizmente, andado de costas voltadas para o rio e temos de nos virar para esse rio”, frisou Ana Esperança, vereadora da Câmara de Leiria. A autarca não poupou elogios às intervenções que agora avançam no terreno, lembrando a importância de proteger a “pérola” que diz ser o Lis.
“Enquanto bióloga, sinto-me muito orgulhosa com o dia de hoje”, sublinhou.
satbytheriver disse:
As medidas que aqui estão são importantes mas não contribuem para a despoluição do Lis. Não percebo o discurso da vereadora, até porque até hoje não teve capacidade de resolver esse problema.