O bispo de Leiria-Fátima afirmou esta quinta-feira, 17, que a pandemia de covid-19 impõe que se viva o Natal de modo “mais simples e sóbrio” e considerou que é também um apelo para recuperar a sua autenticidade, tantas vezes ofuscada “pelo consumismo”.
“Este ano paira sobre esta festa a sombra da pandemia que nos deixa abatidos, ansiosos, com medo, desolados e entristece os nossos corações. Impõe-nos viver o Natal de modo diferente, mais simples e sóbrio”, escreve António Marto, na mensagem de Natal.
Intitulada “O Natal da fragilidade e da fraternidade”, o bispo pede que se respeitem “as exigências e recomendações sanitárias”, mas sustenta que “o vírus não pode extinguir o amor, a esperança e a alegria natalícias”.
Para o cardeal, “a atual situação é também um apelo a recuperar a verdade do Natal na sua autenticidade e no seu significado, tantas vezes ofuscados pelo consumismo e pela festa exterior”.
“Não podemos esquecer o cenário deste momento que traz consigo dificuldades e feridas pessoais, familiares e sociais e que vamos celebrar o Natal dentro de uma experiência de fragilidade”, alerta, defendendo, por isso, que “mais necessidade” há “de viver a espiritualidade própria” que ajude a superar esta pandemia.
Referindo que o Natal não se limita “a comemorar o aniversário do nascimento de Jesus”, António Marto destaca que “naquele menino manifesta-se Deus Amor”.
“Quem tem fé nunca está só. E a fé não nos tira os momentos difíceis, mas dá-nos a força necessária para os enfrentar sabendo que não estamos sós”, acrescenta, questionando: “Não será este tempo propício para nos interrogarmos se abrimos o nosso coração a Deus que vem ao nosso encontro em Jesus?”.
Segundo o cardeal, “um dos aspetos mais belos do Natal é a fraternidade universal em Cristo” e “nunca como agora faz tanto sentido falar de fraternidade e amizade social”, porque todos se dão conta “de que ninguém se salva sozinho”.
Citando o papa Francisco, que chama “a viver a fraternidade como uma verdadeira mística para reconstruir o mundo dividido por muros de toda a espécie”, António Marto defende que “a celebração do Natal não permite” que se passe “ao lado, indiferentes à pobreza, ao abandono dos idosos ou sós, dos migrantes, dos sem-abrigo, dos descartados”.
Nesse sentido, apela para a participação na iniciativa de solidariedade de Natal “10 milhões de estrelas – um gesto pela paz”, promovida pela Cáritas Nacional, na qual cada vela custa dois euros.
“Do total das verbas recolhidas, 65% destinam-se à Cáritas Diocesana no seu trabalho de apoio às pessoas necessitadas. Os restantes 35% são canalizados para o apoio às vítimas da pandemia provocada pela propagação do vírus da covid-19, concretamente os que estão a sofrer o impacto social desta crise, através do programa ‘Inverter a curva da pobreza em Portugal’”, explica o bispo.
António Marto justifica o apelo com o aumento do “número de pessoas carenciadas a bater à porta” da Cáritas Diocesana, exortando os cristãos a ouvir “o grito” dos necessitados.